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terça-feira, 20 de abril de 2010

Conjunto Residencial Comunidade Liberdade I e II, Belém - Pará (2008)


Desenvolvido para a COHAB, a partir de entendimentos com a SeGov – Secretaria de Estado de Governo, este projeto de autoria da CoOperaAtiva_ MeiaDoisNove, caracteriza-se por complementar as ações de governo que contemplam projetos metropolitanos de organização geral do território e dotar de habitações sociais para reassentamentos que viabilizem aquelas intervenções nos projetos de Saneamento e Urbanização da Bacia do Tucunduba e a duplicação da Via Perimetral, promovendo a Interligação urbana de importantes setores urbanos de Belém, e permitindo uma permeabilidade na circulação viária que possa determinar uma dinâmica metropolitana mais apropriada aos seus condicionantes.




01_01 DAS CONDICIONANTES DO PROJETO URBANO 

Os efeitos da reestruturação produtiva sobre as cidades são SEMPRE sentidos. Inseridas no contexto da competição nacional e internacional por investimentos, seus territórios urbanos e comunidades locais passam a competir, e possivelmente tornar-se dependentes, por investimentos externos privados ou estatais. Conforme mencionado por Blakely, Wong e Igliori sejam em territórios ou economias locais, os espaços do urbano encontram-se enquadrados numa disputa por vantagem competitiva: “Comunidades precisam publicizar seus recursos de maneira inteligente e adquirir vantagens para criar novas empresas e manterem sua base econômica. Isto é, precisam usar de seus recursos humanos, sociais, institucionais e físicos para construir um sistema economicamente sustentável”.

Jane Jacobs comentando, que cidades que não geram ambientes com diversidade e tolerâncias entram em declínio econômico, muitas vezes pelo excesso de rigor, regulamentação, burocracia e aversão à inovação. Em suas pesquisas comprova que maiores densidades populacionais urbanas estão diretamente ligadas a maior desenvolvimento de alta tecnologia, gerando outro interessante debate contra o tradicional modelo americano de suburbanização e baixa densidade (urban sprawl) e em defesa das grandes metrópoles com muito maior densidade. 

Os precedentes são relativamente claros. Ao longo das últimas décadas, fortes mutações territoriais emergiram na chamada cidade de economia pós-fordista, mais enfaticamente após a reestruturação da economia global. O declínio industrial gerou o esvaziamento de áreas urbanas inteiras. O território metropolitano tornou-se, repentinamente, depositário de enormes transformações ao mesmo tempo em que o abandono e desperdício urbanos tornaram-se particularmente evidentes na fábrica urbana contemporânea: zonas industriais subtilizadas, armazéns e depósitos industriais desocupados, edifícios centrais abandonados, corredores e pátios ferroviários desativados (“vazios urbanos”, “terrenos vagos”, “wastelands”, “brownfields” ou “terrain vague” conforme a diferenciação da nomenclatura). 

01_02 OBJETIVOS DA INTERVENÇÃO 

É objetivo, estabelecer parâmetros de desempenho do desenho urbano, onde possa ser verificado o condicionante da ordem da morfologia urbana contemporânea, através da compreensão da condição arquitetural dos equipamentos coletivos públicos propostos, e dos espaços públicos abertos, que qualifiquem metodologicamente a implantação urbanística. 

Os pressupostos e objetivos que justificam a elaboração e avaliação de projetos de reurbanização de comunidades, de habitação popular e equipamentos urbanos coletivos são os seguintes: 

• A oportunidade de propiciar às comunidades a integração dos valores da arquitetura e do urbanismo, isto implica a integração á cidade formal, bem como a provisão de investimentos em infra-estrutura que possibilite o acréscimo de qualidade de vida aos moradores; 
• A necessária ‘otimização’ do projeto tratando-se de forma sistemática os problemas e os processos de concepção de intervenção integrada e coordenada dos vários componentes, inclusive relativas aos diversos segmentos das populações nas comunidades beneficiadas; 
• O provimento de serviços sociais direcionados aos grupos mais vulneráveis, em combinações flexíveis, ajustadas às necessidades das comunidades; 
• Considerar paradigmático, a presença do espaço público - aberto como condicionante na comunidade, avaliando sua adequabilidade, apropriação e usos preponderantes; 
• A efetiva participação das comunidades e acompanhamento em todas as fases de desenvolvimento do programa/projeto, desde o desenho, a execução e a manutenção dos serviços implantados; 
• Criar condicionantes de viabilidade para o desenvolvimento de parâmetros que possam possibilitar a reorganização do desenho urbano e o estabelecimento do caráter de propriedade aos moradores; 
• Verificar/estabelecer parâmetros de morfologia urbana da aplicabilidade dos espaços públicos nos conjuntos e núcleos habitacionais de interesse social, às comunidades atendidas pelo programa; 
• Regenerar o ambiente e a paisagem, de modo a obter condições adequadas de habitabilidade, induzindo a melhora dos padrões de moradia da população residente e dos usuários permanentes ou temporários e, ainda, de maneira a ampliar o universo da habitação no local. Nesse sentido, a oferta futura de áreas públicas na região é fator preponderante para atingir as condições estabelecidas no programa; 
• Adquirir mobilidade no interior das comunidades, em que é precário o deslocamento entre pontos próximos, bem como melhorar o acesso ao seu território. A articulação dos equipamentos coletivos urbanos mostra-se possível no Projeto Urbanístico. Da conquista por mover-se com facilidade e rapidez e ainda estimular a circulação, por vários meios, depende a intensificação do uso dos equipamentos instalados e a atração de novas atividades para as regiões, conforme se propõe. 

Estes condicionantes metodológicos, do componente de urbanização do programa no tocante ao reassentamento, estabelecem uma parametrização ao desenho urbano e sua relação com a edificação, refletindo sobre a inserção de um pequeno bairro na cidade ou a inserção de uma quadra na malha urbana existente. Criando uma interdisciplinaridade entre estes paradigmas da morfologia urbana contemporânea, redimensionando a capacidade de absorção da cidade e do desenho construído na utilização de seus vazios, ou ainda, na revitalização dos espaços degradados. 

01_03 PARÂMETROS URBANÍSTICOS 

O Conjunto RESIDÊNCIAL LIBERDADE I localiza-se entre a Avenida Perimetral e a Via Marginal do Igarapé do Tucunduba, e vem de encontro aos condicionantes metodológicos da proposta programática de revitalização desta área da cidade. Tem ainda um outro componente de articulação entre diversos setores da cidade; e a importância de permitir uma extrema melhoria nas condições de mobilidade nos bairros adjacentes, e no remanejamento das moradias situadas nas margens de ambas as avenidas, a perimetral e a marginal do tucunduba, permitindo ainda neste caso a ampliação deste importante programa de saneamento e urbanização em uma das “sub-Bacias” da cidade. 




01_04 ASPECTOS HABITACIONAIS E TIPOLOGIA ARQUITETÔNICA 

Esta concepção tem como proposta uma visão da própria cidade, comum a todos, com elementos conhecidos da cultura urbana, que se revela, se redimensiona em sua concepção. 

Uma re-singularização, certo retorno da perspectiva estética, indo de encontro ao “funcionalismo”, mas que se articulará sobre o conjunto de agenciamentos, de enunciados: traduzidos como estrutura principal do espaço, são elementos redimensionados e re-trabalhados da concepção conhecida e tradicional da cidade brasileira, a rua, a vila, o lote, a casa. 

A organização destes elementos permite a verificação dos vários tipos de acontecimentos urbanos em espaços típicos, o bairro, e ainda como nas cidades em que vivemos: casa com frente para ruas movimentadas, casas que se agregam em calmas vilas, esquinas, praças e inusitados corredores que enriquecem os espaços trabalhados em caminhos inesperados. 

A implantação das edificações permite muitas variedades de sobrados, casas superpostas e justapostas admitindo, crescimento, numa perspectiva de responder também às demandas subjetivas dos futuros moradores, buscando um democrático diálogo, onde se possa dar oportunidade a novas maneiras de viver e, de conviver com a utilização dos equipamentos que lhes serão necessários. 

Intenciona-se ainda uma revisitação às discussões da cidade na escala da vizinhança, do desenho urbano refletindo a organização de espaços públicos e privados do bairro, da periferia, das inserções feitas nos “vazios” da malha urbana, da localização e da acessibilidade. 

Re-experimentando, portanto, o modo do desenho, onde o planejamento de conjuntos baixos, mas de alta densidade e que mantém uma conexão com a terra e o entorno, acabaria pôr criar um "microcosmo dentro da cidade total”, é permanentemente superado pela busca, proporcionada no conjunto, de uma composição onde se tem integração com o meio implantado. 




Intervenção comprometida numa cidade ciosa de seus paradigmas edificatórios, porém, ainda insegura dos critérios com que deve atuar numa situação tão comprometedora – Do fazer para quem?...

São, sobretudo, elaborações que se pretendem constantes sobre uma ordem complexa e ambígua, em que nem são negados completamente certos princípios da sintaxe das linguagens modernas, nem são propostas com historicismo saudosista, tão pouco como fórmulas de autonomia disciplinar.

 

As edificações, os espaços ou o conjunto edificado buscam, através de uma reinterpretação ou reposição de um estilo, rigor e exigência na Tipologia. Os resultados não deverão ser conjuntos edificados definitivos, nem voltados para o espetáculo persuasivo de imagens prontas para serem consumidas, nem tão pouco para um modelo arquétipo para a definição de uma norma ou política de intervenção. Serão apenas conjuntos edificados que trabalhosamente refletem sobre os problemas de composição de grandes arranjos de fachada na cidade implantada.

A tipologia habitacional deverá obedecer às recomendações da Boa Técnica respaldando-se nas melhores práticas brasileiras e internacionais, e atendendo a todos os parâmetros determinados pela legislação local. Essa solução conceitualmente parte das seguintes premissas de projeto:



1. Moradia Individual - respeitar o conceito de adotar a solução que maior se aproxime da moradia individual, ajustando-as as condições topográficas e de densidades decorrentes dos terrenos disponíveis a serem utilizados. Essa solução tem ainda a vantagem de diminuir os espaços condominiais ao mínimo possível, sendo de maior sustentabilidade, ao exigir muito menor manutenção e diminuir os riscos de degradação física dos edifícios.






2. Menor número possível de variações – procurou-se ter o menor número de variações possíveis compatibilizada com a necessidade de atender a população a ser reassentada e as condições topográficas do terreno. Daí resultará versões de plantas derivadas do arranjo de espaços interiores idênticos (de mesma área e configuração). Poderão ser utilizados dois módulos de 3,00m x 7,50m (aproximadamente) respectivamente para a sala, banheiro e cozinha e o outro para os quartos (ver desenho). Esses módulos estarão dispostos lado a lado, constituindo as unidades térreas, ou sobrepostos, constituindo o sobrado (ver desenho), sempre com acesso direto externo do térreo.


3.Essas unidades habitacionais são agregadas de duas formas segundo as características espaciais e topográficas do terreno - pelo acoplamento de unidades individuais em combinação de unidades térreas sobrepostas por sobrados acoplados, formando blocos de até três pisos (ver desenho).


4. Área útil única - a solução habitacional tem uma área útil equivalente em cada uma das suas versões (térreo ou sobrado). Essa área útil ultrapassa o valor comumente adotado para habitação social de 7/m2 por habitante, considerando-se que o tamanho médio da família na área de projeto é de até 5 habitantes.






5. Tipologia evolutiva - De modo a atender a condição de custo mínimo e dar resposta às restrições orçamentárias impostas pela disponibilidade de recursos, a tipologia deve ser evolutiva. A determinação do estágio de evolução que a unidade deve ser entregue, tem que ser determinado a partir do melhor resultado proveniente da análise de custo x eficiência. De forma que os acabamentos internos são de exclusiva competência dos próprios futuros usuários.




6. Por fim a implantação adequada no terreno, buscando o posicionamento entre elas de forma que assim assentadas permitam um movimento de terra de pequeno volume, viabilizando a utilização destes modelos, sem outros custos extras.








7. As pequenas praças incorporadas aos blocos têm a intenção de reforçar a presença de massas arbóreas tão necessárias a uma qualidade de vida a considerar, e fazem a ligação e acesso entre os blocos. São também por onde serão determinadas as condicionantes de localização protegidos com vegetação.




Determinâncias na implantação do projeto urbano nos encaminham para entender como Aymonino, que a arquitetura é um fenômeno urbano e assim as inter-relações morfológicas e a hierarquia daquela será objetivamente destacada, em cada segmento do ato projetual.



Assim aos nos depararmos com o desafio de projetar um núcleo urbano completo: habitações, praças, comércios, as ruas, quarteirões de forma não convencional e os equipamentos urbanos, em uma concentração singular dada sua centralidade, muito nos preocupava o fato da possibilidade da repetição mimética da mesma condicionante arquitetural, embora ela propositadamente estivesse na raiz de toda a ideia do projeto.

Se então tratávamos de estabelecer um significado único para a intenção projetual, onde seria que a possibilidade de integração do novo ao antigo poderia dar-se se não nos equipamentos urbanos, que até pelo uso são objetivamente diferenciados.

De maneira que os projetos dos equipamentos adquiriram a necessidade de sua diferenciação tipológica, a partir da constatação de Aymonino :

“... nos casos em uma cidade possui um significado, isto é, quando pode se encontrar nela desde uma perspectiva morfológica até uma homogeneidade de representação arquitetônica (independentemente da época de construção das diferentes edificações), podem estar estabelecidas relações precisas e, portanto, identificáveis, entre a forma urbana e a escala das edificações (em particular dos monumentos), enquanto fenômenos mutuamente determinados”.

01_06 O CRAS - CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSITÊNCIA SOCIAL

Equipamento coletivo destinado à assistência social, a edificação do CRAS está localizada na quadra mais próxima ao Bairro de Terra-Firme, com a intenção de proporcionar uma efetiva colaboração na integração das comunidades, tanto a do bairro quanto a população a ser reassentada na comunidade do Residencial Liberdade. É definido pelo ministério de desenvolvimento social (mds) como:

“Uma unidade pública da política de assistência social, de base municipal, integrante do Sistema Único de Assistência Social, localizado em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social, destinado à prestação de serviços e programas socio-assistenciais de proteção social básica às famílias e indivíduos, e à articulação destes serviços no seu território de abrangência, e uma atuação intersetorial na perspectiva de potencializar a proteção social”. O CRAS também deve se organizar à vigilância da exclusão social de sua área de abrangência, em conexão com outros territórios.

Equipe de Referência do CRAS

O CRAS é uma unidade sócio-assistencial que possui uma equipe de trabalhadores da política de assistência social responsáveis pela implementação do PAIF, de serviços e projetos de proteção básica e pela gestão articulada no território de abrangência. E para atender esta determinação definiu-se o programa de utilização dos espaços na edificação.


ESPAÇO FÍSICO DO CRAS

Bastante diferenciada das UHS – Unidades de Habitação Social, em que pese tratar-se da utilização dos mesmos materiais, bloco cerâmico estrutural, a telha de barro e as esquadrias em aço; a edificação destinada ao Centro Social tem uma planta quadrada onde as reuniões maiores podem ocorrer tanto no pátio coberto quanto a partir dele e as privativas nas salas que fecham o volume, complementadas por banheiros e despensa/cozinha. A cobertura em telha de barro (cerâmica) é desdobrada em 4 (quatro) águas dando uma conformação geométrica planificada á edificação.

“O espaço físico do CRAS deve refletir sua principal concepção: o trabalho social com famílias, operacionalizado por meio do PAIF”. Assim, o CRAS foi projetado para atender, no mínimo, os seguintes espaços:


Os espaços considerados imprescindíveis destinam-se somente às ações do Programa de Atenção Integral à Família (PAIF). Assim, caso se opte pela oferta de serviços sócio-educativos de convívio geracionais, bem como de projetos de inclusão produtiva no CRAS, o espaço físico aqui indicado deverá ser ampliado e adequado, de acordo com as orientações específicas de cada serviço sócio educativo, e de modo a não prejudicar o desenvolvimento do PAIF. Considerações previstas no desenvolvimento da implantação do CRAS, que também controla o uso das quadras de esporte conexas a ele, inclusive no tocante a luz noturna.

A segunda edificação do CRAS prevista para junto da horta comunitária obedece á expectativa de formação de Mão de Obra, minimamente qualificada para desenvolvimento de hortas privativas, em canteiros e mesmo vasos, programa da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social.


01_06_02 MERCADO DO CONJUNTO LIBERDADE (MCL)

O mercado do RCL será uma edificação semi-aberta de configuração tipológica predominantemente fabril. Sua planta ajusta-se à geometria trapezoidal do lote em que está inserido, conformada, em linhas gerais, por boxes fechados periféricos posicionados em torno de um espaço central livre. Esses boxes serão ocupados por lojas, ambientes administrativos e de serviço, bem como por banheiros. A área central receberá os pontos abertos de vendas, alguns erigidos em alvenaria e dotados de infra-estrutura de energia e saneamento, e o restante constituídos por bancas para atividades comerciais tipo feira.

Os ambientes fechados ocupam apenas as bordas externas da edificação, concentrando-se, sobretudo, em suas laterais. Na frente e nos fundos o mercado é quase todo aberto. Há possibilidades, também, de entradas laterais tanto através dos boxes, que, acessíveis por dentro e por fora do mercado, possibilitam esse trânsito, quanto por descontinuidades existentes entre eles.

A cobertura do mercado é formada por cinco telhados de seção transversal curva, de variadas extensões, dispostos de maneira a possibilitar aberturas longitudinais entre si, compostas por venezianas em acrílico para permitir a iluminação zenital e a renovação de ar no interior do prédio. A estrutura que a sustenta será metálica, apoiada sobre pilares em concreto, e erigida integralmente independente dos ambientes edificados que abrigam e a circundam. As telhas serão metálicas, termoacústicas e calandradas para ajustarem-se à forma curvilínea da cobertura. Na frente e nos fundos, haverá fechamentos planos com o mesmo tipo de telhas.

A edificação, como um todo, terá pé-direito elevado, tanto em sua área central (5.80 m) quanto no interior de seus boxes fechados (4.25m em média), os quais poderão se assim interessar aos proprietários, receber mezaninos para maximizar as ocupações de seus espaços.

O Mercado Coberto do Conjunto Residencial Liberdade, tanto pela sua localização quanto pela sua configuração formal, foi idealizado para desempenhar importante papel no contexto em que se insere. A centralidade de sua posição, implantado na confluência de três das quatro vias internas que atravessam o conjunto fará com que os fluxos naturalmente convirjam para si, tornando-se ponto de encontro natural da comunidade local. Além disso, suas formas diferem flagrantemente dos blocos habitacionais que o circundam, fazendo dele um referencial visual importante para a legibilidade arquitetônica e urbana do conjunto.

01_07 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DAS EDIFICAÇÕES

A CoOperaAtiva desenvolveu uma tecnologia construtiva em cerâmica armada (sistema construtivo “terra&teto”), que além de seu baixo custo, tem como característica de destaque racionalizar a construção eliminando excessos das formas e outras estruturas de madeiras. A cerâmica tem capacidade de resistir a altos esforços estruturais. Esta é uma tecnologia de produção que aplica “trabalho intensivo”, possibilitando o emprego de mutirão e autoconstrução, sendo aplicável por empresas de qualquer tamanho, sem necessidade de equipamentos especiais. O sistema tem sido utilizado também em contenções de terrenos em encostas, fazendo com que a inércia e o peso de ambientes construídos armados, sejam resistentes ao empuxo da terra.




Os blocos são fabricados lisos para serem deixados aparentes, diminuindo os custos de acabamento. Do ponto de vista econômico, é um material de fácil implantação em parques fabris existentes, usando mão - de obra local e matéria prima – argila – disponível na maioria das regiões do Brasil.

A energia necessária para queima em fornos pode ser lenha, carvão, óleo, gás ou elétrica. As mais corretas ecologicamente são: o gás natural, nem sempre disponível, e o óleo, sub-produto do refino de petróleo que é de queima bastante limpa, ou ainda o carvão mineral.

O sistema foi concebido para manuseio do futuro usuário, podendo ser usado em regime de auto-ajuda, mutirão ou empreiteiras de qualquer porte, já que dispensa equipamentos sofisticados. Sua utilização acrescenta maior agilidade na construção das edificações.

Pesquisas desenvolvidas pela COPPE/UFRJ (Santos, Myrthes M.), com comparações realizadas diretamente entre um conjunto habitacional que utiliza o bloco cerâmico (projeto da CoOperaAtiva) e outro com alvenaria tradicional, resultam que no sistema terra&teto verifica-se uma economia de energia da ordem de 9.200.000 kcal ou 47% na comparação das duas tipologias construtivas.



Isto representa a energia necessária para a fabricação de outros 3.000 blocos cerâmicos, ou aproximadamente 65% de uma nova unidade habitacional ou 1.100 litros de gasolina ou 12.100 km percorridos. Sendo, portanto excelente beneficio nos aspectos econômico e energético. Se comparado ainda com a estrutura de concreto armado economiza quase 50% da energia consumida na construção de edificações.




Os Grupamentos habitacionais construídos utilizando-se o sistema construtivo Terra&Teto e abaixo as imagens dos projetos do Residencial Liberdade.



sexta-feira, 16 de abril de 2010

Parque de Ciência e Tecnologia Guamá - Belém, Pará (2008)

O Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), iniciativa da Universidade Federal do Pará em parceria com o Governo do Estado do Pará, tem como objetivo principal apoiar o desenvolvimento sustentado regional com base em ciência, tecnologia e inovação, por meio da criação de ambientes que promovam a interação universidade-empresa-sociedade e estabeleçam relações apropriadas com a cidade.

O Parque atuará, inicialmente, nas áreas de Biotecnologia e produtos naturais, Sistemas de energia elétrica, Tecnologia da Informação e Comunicação - TIC, Tecnologia do Alumínio e Monitoramento Ambiental que figuram entre áreas do conhecimento nas quais a UFPA dispõe de expertise para contribuir de imediato para a geração de inovações tecnológicas.

Fig.1 -Planta Geral - Fonte: Plano Diretor do PCT Guamá
Fig. 2 - Vista aérea - Fonte: Plano Diretor PCT Guamá

O parque será instalado no Campus Universitário do Guamá em área de aproximadamente 72 ha. localizada no perímetro urbano da cidade de Belém, à Avenida Perimetral da Ciência, km 01. As legislações municipais locais que disciplinam a ocupação do solo urbano enquadram o lote na Zona de Interesse Urbano Especial - ZIUE 2, específica para centros de pesquisa e ensino.

O PCT Guamá terá papel diferenciado no contexto do desenvolvimento sustentado do Estado do Pará e sua implantação irá requerer parcerias entre governo, academia e setor empresarial, os agentes promotores desse desenvolvimento.

O Projeto Executivo do Parque segue rigorosamente as premissas espaciais e conceituais estabelecidas para o complexo urbanístico e arquitetônico expressas no Plano Diretor e no Estudo Preliminar de Urbanização fornecido pela Contratante.

“O traçado urbano remete ao caráter orgânico que ambientes dessa natureza devem ter para propiciar sensações agradáveis e aprazíveis a seus usuários. O respeito às características topográficas e ambientais delineou os contornos das áreas edificáveis do Parque. Boa parte da área destinada ao empreendimento permanecerá intocável em decorrência da preocupação com a preservação de ecossistemas naturais existentes na área. A sinuosidade do sistema viário decorreu, também, da decisão de eliminar o menor número possível de árvores de grande porte encontradas.”

Assim sendo, a configuração curvilínea das ruas circundadas pela via perimetral de controle foi consolidada pelo projeto, conservando-se suas posições e dimensões que estabelecem com clareza a hierarquia viária do conjunto e, também, proporcionam suas implantações com o menor sacrifício possível das árvores existentes.

Fig.3 - Via principal - Vista geral

Alguns poucos aperfeiçoamentos, entretanto, foram discutidos junto ao Contratante e implementados no projeto. O mais significativo deles é a mudança da entrada principal do Parque, a qual foi deslocada para uma posição mais central no conjunto. Essa alteração proporcionará acesso mais equidistante a todos os lotes, além de facilitar a chegada ao complexo arquitetônico de administração, previsto para ocupar os lotes n° 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23. Esse deslocamento ajudará, ainda, as operações de entrada e saída ao Parque, visto que, com esse novo desenho viário proposto, melhor será sua conexão à Avenida Perimetral da Ciência, cuja configuração futura (caixa, canteiros, passeios e retornos) levará em conta conjuntos arquitetônicos importantes como a UFPA, a Eletronorte e o Residencial Liberdade.

Outra melhoria trazida pelo Projeto Executivo é a inclusão de ciclovias nas principais ruas do complexo, para contemplar aqueles que, de bicicleta, chegarão ao PCT. Os usuários desse tipo de transporte terão à sua disposição diversos conjuntos de bicicletários distribuídos ao longo do conjunto arquitetônico e urbanístico do Parque. As ciclofaixas do PCT serão ligadas às da Avenida Perimetral da Ciência, integrantes da rede cicloviária que a cidade, nos últimos anos, vem gradativamente implantando. Cabe salientar a importância que esse meio de transporte possui para Belém, dado que, segundo o Plano Diretor de Transportes Urbanos, elaborado em 2001 pelo Governo do Estado, 7% dos deslocamentos totais são realizados por esse modal.

O uso dos lotes definidos pelo Plano Diretor juntamente com o Estudo Preliminar de urbanização que o acompanha também foram observados na elaboração do Projeto Executivo. As duas áreas reservadas para praças foram ocupadas com equipamentos de lazer, sendo uma voltada para lazer esportivo e lúdico, e outra para lazer contemplativo. Para a primeira utilizou-se o lote voltado para a via principal do conjunto, o qual, pela área que possui (9.746,47 m2) e pela localização das árvores existentes a serem conservadas, melhor possibilitava a disposição do complexo esportivo. Ali existirão duas quadras polivalentes, uma quadra de tênis e três quadras de vôlei, descobertas, protegidas com alambrados metálicos e iluminadas individualmente. Todas terão pavimento de concreto pintado, com exceção daquelas destinadas a vôlei, que terão piso em areia. Suas implantações obedecerão ao clássico paralelismo de seus eixos longitudinais à direção cardeal norte-sul, de modo que o sol incida sobre os dois lados de cada quadra da mesma maneira.

A praça esportiva também terá diversos abrigos cobertos com telhas de barro sobre estrutura de madeira, os quais possuirão, cada um, mesa de apoio circundada por banco em concreto. Haverá, ainda, duas baterias de chuveiros e conjuntos de equipamentos para prática de ginástica. Bancos e mesas para jogos ao ar livre completam os elementos integrantes do conjunto.

Fig.4 - Praça Esportiva - Quadra de Tênis
Fig.5 - Praça Esportiva - Ambiente para jogos de mesa

Já a praça destinada ao lazer contemplativo ocupará o lote com menor área (7.995,17 m²) posicionado ao lado de uma extensa porção do terreno a ser integralmente preservado. Essa praça terá passeios, jardins, bancos e quiosques dispostos em desenho orgânico, e constituirá, juntamente com a referida área intocada, mesmo que desta separada por uma via, um grande parque densamente arborizado.

Fig.6 - Praça Esportiva - Área de convivência
Fig.7 - Praça para lazer contemplativo

As praças serão os únicos equipamentos do parque a possuírem vagas de estacionamento contíguas às vias. Os demais equipamentos e edificações, mesmo que sejam integrantes as infra-estruturas de administração do PCT, abrigarão seus veículos no interior dos lotes que ocupam. 

Além das duas praças acima mencionadas, ainda há uma terceira, adjacente ao complexo de lazer esportivo, a qual, embora mais linear, terá configuração e uso semelhante àquela destinada ao lazer contemplativo. Sua posição permitirá, ainda, que atue como elemento de isolamento de seus lotes vizinhos, protegendo-os de eventuais agitações naturalmente características de atividades esportivas. 

O Projeto Executivo aqui tratado detalha, juntamente com os elementos urbanísticos já referidos, duas outras edificações: o Pórtico de Acesso e o Reservatório Elevado. O Pórtico de Acesso será um conjunto constituído, em linhas gerais, por uma grande cobertura em telhas calandradas termoacústicas sustentada por um sistema de arcos tubulares em aço, erguidos sobre uma guarita em concreto armado. A estrutura da cobertura compõe-se de dois grupos de cinco arcos, os quais se originam em elementos de apoio no solo e, cada um em sua direção, elevam-se rumo a um arco treliçado disposto no eixo do canteiro central da via dupla de acesso. O sistema, dimensionado para permitir a passagem de veículos com até 5,50 m de altura, conforma e protege o local do controle de entrada e saída do PCT, realizado efetivamente pela referida guarita.

Essa edificação, idealizada em forma de tronco de cone, será totalmente independente da grande estrutura erguida sobre si, e terá cobertura própria. Será dotada de balcão para receber os equipamentos inerentes às atividades a que se destina (computadores, telefones etc), com espaço reservado para guarda de correspondências, e terá sanitário privativo. Sua planta terá forma circular, permitindo, assim, que seja aberta para todos os lados, de maneira que de seu interior se possa observar todo o espaço que a circunda.

Fig.8 - Pórtico de Acesso

O reservatório será uma estrutura cilíndrica com capacidade para armazenar 80.000 litros de água, apoiada a 18 m de altura sobre quatro pilares em concreto. Esbeltos, os referidos pilares serão dimensionados para suportar apenas a carga vertical do reservatório, ficando os esforços laterais combatidos por um conjunto de estais metálicos. A forma cilíndrica foi escolhida por possibilitar o acondicionamento do maior volume de água com o menor dispêndio de material, além de distribuir de maneira mais equilibrada os esforços axiais internos. A inflexão existente na parede do reservatório permite, também, que estas sejam bastante delgadas, reduzindo-se ainda mais o consumo de material e, em conseqüência, os custos da obra.

O acesso ao topo da estrutura será feito por meio de uma escada metálica tipo marinheiro, que, posicionada entre os pilares, atravessará o reservatório por um “shaft” de seção quadrada 1,10m x 1,10m, existente no eixo da volumetria cilíndrica do reservatório elevado.

Fig.9 - Reservatório Elevado

Como coroamento do equipamento, será instalada uma agulha tubular em aço para receber elementos dos sistemas de infra-estrutura do parque (pára-raios, antenas etc), fazendo com que a estrutura alcance, ao todo, a 32,25 m. 

Os demais elementos do conjunto ficarão enterrados, para que não interfiram na leitura da volumetria do reservatório. Assim, ficará abaixo do nível do solo a cisterna com capacidade para 112.000 litros juntamente com o ambiente destinado às bombas e ao quadro de energia elétrica.

O Reservatório será edificado na rotatória que articula as principais vias do complexo, em ponto central e de grande visibilidade do parque, de modo que, não apenas a distribuição da água aos lotes se faça de maneira eqüitativa, mas, sobretudo, que sua existência em elevada estatura constitua uma importante referência urbana no conjunto.

De maneira geral, os elementos integrantes dos sistemas de infra-estrutura do parque foram idealizados de modo a expressar com clareza seus comportamentos estruturais e funcionais, permitindo, na medida do possível, fácil acesso visual e físico às suas partes constituintes. Seguindo essa concepção, as redes de infra-estrutura subterrâneas passarão todas em locais não pavimentados, especificamente sob os canteiros existentes nos eixos das vias duplas principais e, também, nas faixas gramadas dos passeios. Esse aspecto, enfaticamente recomendado pelo Plano Diretor, possui caráter operacional e didático, pois facilita a manutenção das redes e, também, possibilita a observação de sua constituição e funcionamento. Em alguns locais haverá poços de visita gerais, em pontos por onde passem elementos das redes de todos os diferentes sistemas, cobertos com tampas de vidro de alta resistência no nível do piso, para que possam ser vistos sem dificuldades. 

O complexo do parque terá área total de 253.269,87 m², e, tanto por meio do desenho de seu traçado urbano quanto das feições de suas mais importantes edificações, deverá expressar o conceito do PCT Guamá como instituição baseada em ciência, tecnologia e inovação, inserida na Amazônia.

Fig.10 - Rotatória Central - Vista geral



CONJUNTO ARQUITETÔNICO

Fig.11 - Conjunto Arquitetônico - Vista Geral

O Conjunto Arquitetônico do Parque será edificado nos lotes n° 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23, e terá múltiplas funções. De maneira geral, ali será a base física da administração do parque como um todo e o centro de negócios do complexo, e, ainda, local da realização das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). 

O Conjunto será constituído por quatro edificações: o Prédio da Administração, a Incubadora de empresas, o Condomínio empresarial e o Restaurante. Juntos, os prédios totalizam 16.270,86 m² de área construída, e terão as seguintes características:

- Administração

O Prédio da Administração destina-se a abrigar o gerenciamento do Parque como um todo. Ali estarão, para isso, ambientes que darão suporte a ofertas de serviços e facilidades às empresas, bem como à gestão da infra-estrutura física do complexo urbanístico (manutenção, segurança etc).

O edifício também receberá as atividades de gerência da Incubadora de Empresas e do Condomínio Empresarial. Os espaços destinados a esses fins estão posicionados de maneira a relacionarem-se com facilidade não apenas entre si e com a administração do PCT-Guamá, mas, sobretudo, a ligarem-se diretamente com as passarelas que dão acesso aos respectivos edifícios cujos usos controlam.

Haverá, em suas instalações, dois auditórios de portes diferentes, sendo o maior com capacidade para 180 lugares e o menor para 48 lugares. O auditório principal está posicionado de maneira que seu uso não interfira no funcionamento do prédio, e será servido de espaços de apoio para controle de som, projeção de imagens e guarda de material, além de ter, próximo a si, conjuntos de sanitários dimensionados para atender a demanda de seu público. Existirão, ainda, 4 salas de reunião destinadas a trabalhos em geral, podendo ser usadas tanto pelo pessoal interno quanto pelo público externo.

O edifício da administração terá uma lanchonete para dar apoio aos eventos ali realizados, e também para atender não apenas aqueles que trabalham nessa edificação, como, ainda, na Incubadora de Empresas e no Condomínio Empresarial. A lanchonete abre-se para uma área de convivência externa, arborizada, conformada pelas referidas edificações.

Fig.12 - Administração - Planta Baixa - Pav. Térreo
Fig.13 - Administração - Planta Baixa - Pav. Superior

O prédio tem como principal espaço estruturador o grande hall de entrada, em torno do qual se articulam os setores da edificação. Por ali passam todos os que, chegados do meio exterior, dirigem-se aos ambientes lá abrigados. O hall, além de locado de modo a ser o ponto focal dos fluxos, é dimensionado, também, para receber equipamentos de serviços como caixas eletrônicos e, ainda, possibilitar diversos outros usos. Exposições, lançamentos de produtos e demais eventos de natureza semelhante poderão ali, sem dificuldades, ser realizados.

O hall, juntamente com suas atribuições funcionais, ainda desempenhará o papel simbólico de vestíbulo monumental do PCT-Guamá, e, também por isso, foi desenhado com dimensões generosas e pé direito duplo característicos da grandiosidade que um espaço dessa natureza, necessariamente, requer.

Fig.14 - Administração

O prédio da administração terá, além dos ambientes acima elencados, três lojas destinadas à venda de produtos de empresas sediadas no Parque. Essas lojas abrir-se-ão tanto para o interior quanto para o exterior do prédio que as abrigam, permitindo, assim, a independência de seus funcionamentos. 

O prédio ao todo, terá 1.651,13 m², distribuídos em dois pavimentos. A solução em dois níveis, entretanto, não oferecerá dificuldades para a locomoção de portadores de necessidades especiais (PNE), já que haverá, além da escada de ligação entre o pavimento térreo e o superior, uma plataforma de percurso vertical para esse deslocamento. Os PNE ainda possuirão a seu dispor sanitários específicos e acesso desimpedido para todos os cômodos do prédio, os quais também estarão dimensionados para recebê-los. 

A climatização do prédio, em locais onde imprescindíveis forem, será realizada por aparelhos de condensação remota tipo “split”, com as unidades condensadoras localizadas em lajes impermeabilizadas, na cobertura da edificação.

- Incubadora de Empresas

A Incubadora de Empresas é o prédio destinado a abrigar as atividades de criação, crescimento e consolidação de empresas inovadoras preferencialmente em áreas de biotecnologia, energia, tecnologia da informação e comunicação (TIC), tecnologia do alumínio, design e meio ambiente, dentre outras. A edificação, que terá, ao todo, 4.212,88 m², será constituída de módulos nos quais as empresas estarão instaladas, ligados por uma circulação que atravessa longitudinalmente o prédio. Os módulos – 48 ao todo - na configuração original da planta, terão dois tamanhos (36 e 72 m²), mas poderão ser remembrados caso haja necessidade de acolherem empresas maiores. Haverá, em cada um dos 4 pavimentos em que se divide o prédio, 12 unidades, sendo 6 de cada tipo. Todos os andares serão servidos de conjuntos de sanitários/vestiários, providos de unidades destinadas aos portadores de necessidades especiais.


Fig.15 - Incubadora de Empresa - Planta Baixa - Pav. Tipo

Os pés-direitos da edificação terão diferentes configurações. No pavimento térreo, destinado a empresas com necessidades de espaços mais volumosos, a distância do piso ao forro será de 4,25 m. No primeiro e segundo pavimentos, a medida em questão será de 3,10 m. Já no terceiro e último pavimento, o pé-direito será variável, acompanhando a declividade da cobertura. Essa conformação possibilita a existência de um mezanino nos módulos desse andar, os quais se ligam a uma varanda externa, protegida com guarda-corpo em aço.

Fig.16 - Incubadora de Empresas - Secção Transversal
Fig.17 - Detalhe da varanda Superior
Fig.18 - Incubadora de Empresas

A circulação vertical da edificação será realizada por duas escadas e um elevador, posicionados de maneira a atender da forma mais eficiente possível os usuários dos pavimentos.

A climatização das unidades será feita por meio de refrigeradores de ar de condensação remota (tipo split). Cada módulo terá seu sistema individual, dimensionado de acordo com suas necessidades. As condensadoras ficarão instaladas no interior dos volumes que, abaixo das janelas, sobressaem às fachadas da edificação. Esses volumes, cujos acessos se fazem pelo interior dos módulos a que pertencem, além de sua função de abrigo aos equipamentos do ar condicionado, foram concebidos, também, para proporcionar sombreamento às aberturas que por suas geometrias estão, pelos referidos volumes, emolduradas.

Fig.19 - Volumes para unidades condensadoras
Fig.20 - Detalhe de varanda superior

Além das janelas para o exterior da edificação, todos os módulos terão balancins voltados para os corredores internos, de maneira a permitir, caso necessário, a circulação cruzada da ventilação. Essas aberturas contribuirão, ainda, para a iluminação das referidas circulações.

- Condomínio Empresarial (Espaço Inovação)

O prédio do Condomínio empresarial será destinado a atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos, por meio da parceria entre laboratórios e pesquisadores de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) com empresas. Suas instalações abrigarão, preferencialmente, laboratórios de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de empresas. Será uma edificação com partido arquitetônico semelhante ao da Incubadora de Empresas (módulos servidos por circulação longitudinal), igualmente constituído de 4 pavimentos com escadas e elevador para realizar a circulação vertical, e dotado de idêntica configuração de pés-direitos. Haverá, da mesma forma, baterias de sanitários/vestiários com facilidades para portadores de necessidades especiais.

Fig.21 - Condomínio Empresarial (Espaço Inovação)
Planta Baixa
Fig.22 - Condomínio Empresarial (Espaço Inovação)
Secção Transversal
Fig.23 - Condomínio Empresarial (Espaço Inovação)

As diferenças entre o Condomínio e a Incubadora residem, fundamentalmente, em seus portes. A edificação em questão terá, ao todo 72 módulos, distribuídos em 4 níveis com 18 unidades cada, sendo 8 de 72 m² e 10 de 108 m². Ao todo, o Condomínio terá 9.433,39 m², mais do dobro, portanto da área total da incubadora.

- Restaurante

O restaurante que integra o conjunto arquitetônico será destinado a atender todo o Parque. Sua configuração possibilitará a produção de alimentos para consumo no próprio prédio, no qual haverá acomodações para 288 comensais, e, também, contemplar a demanda de fornecimento de porções para refeições a serem realizadas em outros lugares do complexo.

A edificação será dotada da infra-estrutura necessária e sufuciente para o correto preparo das refeições, bem como para o eficiente atendimento de sua clientela. O processo todo será desenvolvido em ambientes específicos para cada atividade, dimensionados e posicionados para que o fluxo se realize da melhor forma possível.

Fig.24 - Restaurante - Planta baixa
Fig.25 - Restaurante - Secção Transversal

A cozinha será dividida e setorizada de acordo com as particularidades dos trabalhos ali realizados, havendo espaços para cozinha experimental e ambiente privativo para nutricionista, dentre outros. Câmaras frigoríficas, depósitos e despensas também integram os compartimentos da edificação. 

A administração do restaurante será realizada nas suas dependências, em cujo setor haverá sala reservada para treinamento de pessoal. Conjuntos de sanitários/vestiários com facilidades para portadores de necessidades especiais atenderão os funcionários, bem como haverá baterias da mesma natureza para o público. 

Os ambientes de mais intensa concentração de pessoas e, também de maiores dimensões - o salão para o público e a cozinha propriamente dita - serão separados pelo balcão de atendimento, o qual terá configuração que permita a visibilidade entre os dois compartimentos. Seus pés-direitos serão elevados, para que a renovação de ar, natural ou mecânica, se processe com facilidade. 

A climatização artificial, em cada ambiente que se fizer necessária, será realizada por equipamentos de condensação remota, alocando-se convenientemente as unidades evaporadoras internas e instalando-se as condensadoras externas sobre a cobertura do prédio, em local de fácil acesso para suas manutenções, mas de difícil visualização, para que não interfiram na percepção da volumetria da edificação.

O restaurante terá solução em um só nível de planta e ocupará área de 973,46 m².


Constituição físico-estrutural dos prédios e principais materiais utilizados

Os prédios do conjunto, de maneira geral, serão construídos em estrutura de concreto armado, terão paredes constituídas de blocos cerâmicos e serão revestidos em pastilhas cerâmicas. Os tubos em aço que integram as fachadas terão dupla função. Auxiliarão a sustentação das peças físicas do prédio e conduzirão águas do sistema de drenagem.

As esquadrias serão em vidro temperado, e aquelas que por dimensão ou posição, mais estiverem sujeitas à exposição aos raios solares, receberão brises de proteção. Esses elementos serão constituídos por estruturas tubulares em aço nas quais telas do mesmo material estarão fixadas, para sombreamento dos referidos vãos que recebem tais esquadrias.

As edificações serão, todas, cobertas com telhas termo-acústicas metálicas pré-pintadas, tanto nos casos de suas aplicações em planos inclinados quanto naqueles em que foram utilizadas na horizontal.

Principais sistemas de infra-estrutura a serem instalados

Os elementos integrantes dos principais sistemas de infra-estrutura a serem instalados nas edificações, apesar de não estarem contemplados pelo projeto básico do conjunto, o qual diz respeito apenas aos seus aspectos arquitetônicos, deverão observar as seguintes recomendações:

- Abastecimento de água

A água a ser consumida pelas edificações será proveniente do sistema de abastecimento do parque, havendo reservação individual nos prédios da Incubadora e do Condomínio Empresarial. O Restaurante e a Administração, a princípio, e não possuirão tais sistemas. Em casos especiais, os módulos dos dois primeiros prédios poderão contar com armazenamento particular, dentro de suas unidades.
Poderá ser criado um sistema de reutilização da água captada pelas estruturas de drenagem das coberturas para utilizações específicas como, por exemplo, rega de jardins, lavagem de áreas públicas ou descargas sanitárias.

- Energia Elétrica

A energia elétrica será fornecida pela rede que atenderá o parque, podendo haver um sistema alternativo de geração a partir de coletores solares, posicionados nas coberturas das edificações, ou outro que igualmente garanta fornecimento ininterrupto.

- Esgotamento sanitário

O esgoto sanitário das edificações será coletado pela rede geral que atenderá o parque, para ser conduzido posteriormente à estação de tratamento da UFPA. Aqueles efluentes que, oriundos da Incubadora ou do Condomínio, não estiverem enquadrados nas características que os permitam serem despejados na rede pública, deverão ser tratados em sistemas particulares dentro dos módulos antes seus descartes.

Sistemas de infra-estrutura para atender os módulos da Incubadora de Empresas e do Condomínio Empresarial

Os laboratórios que ocuparão módulos dos dois prédios em questão deverão possuir, em todas as unidades distribuídas nos 4 (quatro) pavimentos de cada edificação, além das instalações comuns de energia elétrica e rede estruturada (telefone e dados), ainda os seguintes itens:

• Instalações de rede de duto de gases: Nitrogênio, Hélio gasoso, Ar sintético para instrumentação e Hidrogênio Gasoso;
• Instalações de rede de dutos para exaustão de gases não tóxicos, oriundos das coifas e capelas;
• Instalações de água-fria e esgoto;
• Instalações de energia elétrica de 110V e 220V sobre bancadas laterais e centrais;
• Instalações para implantação de equipamentos de destilação de água e esterilização (autoclave), de uso comum a todos os laboratórios.

Na área externa ao conjunto, preferencialmente no lote 18, deverá ser projetada, de acordo com as normas técnicas vigentes, edificação com área aproximada de 100 m², contendo 3 (três) ambientes básicos:

• Ambiente para acondicionamento de balas (botijões de gases comprimidos);
• Depósito temporário de resíduos industriais (para posterior coleta);
• Almoxarifado para substâncias inflamáveis.

Implantação e concepção dos prédios do conjunto

A localização do conjunto arquitetônico nos lotes acima referidos segue, como já foi dito, as recomendações do Plano Diretor do Parque de Ciência e Tecnologia Guamá. O documento justifica ser ali o lugar o mais favorável para a implantação dos prédios, já que a centralidade dessa posição em relação ao complexo urbano o torna facilmente acessível a partir de todos os lotes do Parque, além de ficar próximo à entrada deste.

A posição determinada pelo referido plano, portanto, torna o conjunto edificado a estrutura física de recepção daqueles que ingressam no Parque, sendo, dessa forma, importante a visualidade de sua volumetria. Ademais, o significativo porte dos prédios que o integram faz do conjunto uma presença marcante na paisagem, e o conduz à condição de figura protagonista do contexto. Assim sendo, as massas foram idealizadas e posicionadas para que suas leituras individuais e em conjunto proporcionassem a compreensão do exercício condigno da função de marcos de entrada do parque.

A disposição e concepção dos prédios também obedeceram outros condicionantes. Suas exigências de inter-relacionamento bem como os necessários vínculos com o sistema viário que os servem determinaram seus partidos gerais, suas localizações e mediram, ainda, a distância entre eles. As interligações físicas foram resolvidas com passarelas cobertas e as funcionais com a coerência entre as setorizações das plantas das edificações. Cada projeto individualmente foi pensado não apenas para contemplar as necessidades dentro dos próprios limites físicos, mas, também, as que se referirem às coexistências com seus vizinhos.

Fig.26 - Planta Geral
Fig.27 - Conjunto Arquitetônico - Área de Convivência

Os estacionamentos estarão distribuídos pelo conjunto de acordo com as necessidades dos prédios, mas seus usos, com exceção das áreas de acesso controlado, não são exclusivos. A Administração, a Incubadora e o Condomínio terão 28 vagas para uso geral e 26 de uso restrito a pessoal credenciado. O restaurante, por sua vez, disporá de 36 vagas para sua clientela. Caso haja necessidade de mais vagas, poderá ser projetado no lote 18 outro estacionamento. 

A implantação do conjunto foi, também, fortemente influenciada pela vegetação existente. Nos lotes que receberão o conjunto existem, segundo o material gráfico do Plano Diretor, pelo menos 20 árvores de grande porte que merecem ser preservadas, e a disposição projetada para as edificações fará com que as retiradas desses espécimes não sejam necessárias. Suas manutenções ainda possibilitarão que as áreas de convivência a serem criadas entre as massas edificadas contem com suas importantes presenças para o ambiente.

A permanência de árvores de grande porte irá contribuir, ainda, para o sombreamento das edificações, fato que ajuda a redução da energia despendida para refrigerá-los. Essa tarefa será auxiliada, também, pela obstrução à radiação solar direta que, em algumas horas do dia, os prédios de maior porte proporcionarão aos menores.

Além das mencionadas razões de naturezas físicas, funcionais, urbanísticas e ambientais, estão, ainda, aquelas de fundo simbólico. A instituição que o complexo arquitetônico abriga fundamenta-se, como é do conhecimento de todos, em ciência, tecnologia e inovação, e as formas concebidas para o conjunto objetivam manifestar esse conceito e essa filosofia, e, sobretudo, expressar o caráter desenvolvimentista de sua existência.