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terça-feira, 1 de setembro de 2020

Parque da Cidade Santa Maria de Belém - Proposta para concurso















Entendimento do Problema 

Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, "parque urbano é uma área verde com função ecológica, estética e de lazer, no entanto, com uma extensão maior que as praças e jardins públicos." Conforme se pode depreender dessa definição, trata-se de um equipamento bastante complexo, com uma multiplicidade de funções cujas coexistências exige características peculiares. Um parque dessa natureza precisa ser um lugar de acessibilidade fácil e universal, aprazível, no qual a população possa livremente usufruir de tudo o que a infraestrutura instalada disponibilize, cumprindo não apenas aquelas já mencionadas funções, como, ainda, as demais outras demandadas pelas próprias necessidades da cidade na qual esteja inserido. 

O Parque de Belém a ser criado pelo Governo do Estado, nas palavras do Termo de Referência (TR) que orienta o presente concurso, "(...)será um parque urbano de lazer que proporcione à população acesso a atividades esportivas, de recreação e manifestações culturais, integradas com a natureza, primando pela interação entre diferentes perfis sociais e etários, deste modo cumprindo sua função ambiental e paisagística." 

A se considerar a elevada presença da população belenense, sobretudo em feriados e finais de semana, nas praças da cidade, como a Praça da República e a Praça Batista Campos, assim como, da mesma forma, a alta frequência do recém inaugurado Parque do Utinga, verifica-se que, aqui, há uma forte demanda por um parque urbano com as características do que agora se propõe. 

Ademais, não se pode ignorar, diante da infeliz pandemia perpetrada pelo Novo Corona Vírus, as inevitáveis transformações na fisionomia do mundo edificado na qual os espaços abertos terão cada vez mais protagonismo, dado que seus usos oferecem menos risco à proliferação da contaminação do que o funcionamento dos recintos fechados. 




















Além da pertinência, portanto, do tipo de equipamento, o local escolhido para recebê-lo parece, igualmente, adequado. Situado em área urbana de uso misto, possui, segundo o TR, 51,93 hectares, tem perímetro irregular, e alguns lados de sua poligonal fazem limites com três importantes vias da cidade, a Av. Júlio César, a Av. Protásio Lopes de Oliveira e a Av. Senador Lemos. Um pequeno segmento da referida poligonal é lindeiro, também à Pass. São Luís. Em seus arredores, estão diversos conjuntos edificados importantes, como a Praça Dorothy Stang, o Cassino dos Cabos, Soldados, e Taifeiros da Aeronáutica - CASOTA, o Comando Geral do Corpo de Bombeiros, o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia - SIPAM, a Escola Tenente Rego Barros, o Hangar Centro de Convenções da Amazônia, e o complexo do Tribunal de Justiça do Estado. Digna de menção, ainda, é a mata do Clube dos Oficiais da Aeronáutica -T1. 

A área que dará lugar ao parque é, atualmente o Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira (ABBPO), popularmente conhecido como "Aeroclube". Existem poucas referências históricas sobre essa área, porém, ao que se pode apurar, pelo site oficial da Infraero, empresa pública que administra os aeroportos brasileiros, o ABBPO tem suas origens em 1936, no então Campo do Souza, adquirido pelo Ministério da Guerra para abrigar o núcleo do 7º Regimento de Aviação. No ano seguinte ali também teve lugar a fundação do Aeroclube do Pará, destinado à formação de pilotos civis. Em 1976 passou a ser gerido pelo Departamento de Aviação Civil – DAC, assumindo o nome de Aeroporto Julio Cezar, importante paraense do qual falaremos adiante. Em 2010, já sob a jurisdição da Infraero, modificou-se mais uma vez seu nome, passando a se chamar Aeroporto de Belém – Brigadeiro Protásio de Oliveira.


A área do futuro parque é um complexo constituído, fundamentalmente, de uma pista de pouso e decolagem medindo 1.161,81 m de comprimento por 30,01 m de largura, de um hangar, do terminal de passageiros e cargas, da torre de controle, tudo servido por um extenso sistema viário, juntamente com estruturas de drenagem, abastecimento de água e energia elétrica também. As construções são, quase todas, fisicamente robustas e estão em pleno funcionamento. 

Dentro da área do projeto, contígua ao ABBPO, existe uma mata preservada, e assim deverá permanecer, medindo aproximadamente 7,2 hectares. Tal mata é rica em variadas espécies vegetais, apresentando portes médios e grandes, e abriga uma nascente que dá origem ao Canal da Pirajá. Ainda quanto à vegetação da área, também são importantes as árvores existentes próximas a toda a extensão do muro que delimita sua fronteira com a Av. Júlio César. 

O Termo de Referência que orienta o presente concurso é muito claro quanto à descrição da área e seu entorno, do seu zoneamento legal, assim como das características do quente, úmido e chuvoso clima de Belém. Isso posto, para não sermos redundantes e mais bem aproveitarmos o espaço disponível nos painéis de apresentação da nossa proposta, trataremos, aqui, de comentar os mais importantes aspectos do TR, e que foram importantes para a elaboração do projeto. 

De maneira geral o entorno da área em questão possui configuração variada, tanto em uso quanto em densidade, proporcionando impactos sempre diferentes na cidade. Suas relações com o futuro parque, portanto, da mesma forma, serão específicas. Os setores predominantemente habitacionais das imediações serão aqueles cuja dinâmica deverá ser mais alterada pela implantação do equipamento, de vez que terão acesso, com grande facilidade, ao usufruto de um lugar para a prática de atividades essencialmente importantes para a vida. 

Embora os moradores dos arredores sejam, a princípio, os maiores beneficiários do futuro parque, as pessoas que trabalham ou estudam nas redondezas também serão por ele bem servidas, posto que podem frequentá-lo antes ou depois de seus expedientes ou aulas. 

Cabe ressaltar, porém, que a interferência de um parque dessa magnitude transcende, em muito, às suas localidades mais próximas. Mesmo que algumas referências bibliográficas estabeleçam limites numéricos tentar mensurar esse fato, a exemplo da obra de Coronio e Muret intitulada "Loisirs: guide pratique dês équipements", que afirma ser entre 800m e 2.000m o raio de influência desse tipo de equipamento, para cada porção urbana com 500.000 habitantes, é muito difícil quantificar em distância o alcance do impacto do futuro parque aqui proposto, posto que as demandas para ele possuem escala metropolitana. 

A área, como um todo, é suficientemente servida pelos principais sistemas de infraestrutura urbana da cidade, inexistindo atualmente, contudo, rede de coleta de esgoto à sua volta. Quanto a esse aspecto, há a previsão no Plano Diretor de Saneamento de Belém de que, quando de sua implementação, aquela bacia seja contemplada por um sistema específico. 

O sistema viário que circunda o futuro parque é bem constituído, e a intensidade do seu fluxo varia conforme a ocasião, sendo, na maioria das vezes, mais intenso nos momentos de chegada e saída de trabalho, e dos turnos escolares também. Episodicamente, eventos realizados nos citados complexos edificados, sobretudo no Hangar e no Casota, comprometem a fluidez do tráfego. Ainda quanto a circunstanciais congestionamentos, embora não haja registros de alagamentos nos trechos das vias com os quais o perímetro do parque possui interface, seus trânsitos ficam comprometidos quando ocorre tal problema em outros locais próximos, ou mesmo distantes. 

Não resta dúvida de que a implantação do parque trará inevitáveis consequências para a fluidez do trânsito no local. Há que se considerar, contudo, que os períodos de maior frequência serão nos finais de semana e feriados, não coincidindo, portanto, com os horários de pico mencionados acima. De qualquer forma é necessário que o parque seja desenhado de maneira a resolver as operações de embarque e desembarque em seus acessos, assim como que receba e acomode, rapidamente, os veículos que forem utilizar seus estacionamentos, para que haja pouco impacto no fluxo de passagem das vias com as quais fazem face. 

A preocupação com o sistema viário do entorno deve ser (assim como foi) cuidadosamente considerada em um projeto de tamanha escala. A importância desse aspecto é responsável, em nosso caso, pelo estabelecimento de uma das principais premissas projetuais, das quais falaremos adiante, que é a da não fragmentação da área do parque. O Plano Diretor Urbano de Belém (1998) apresentou uma diretriz de melhoria do tráfego da cidade prevendo o prolongamento da Av. Pedro Miranda, atravessando perpendicularmente a Av. Doutor Freitas, algumas áreas privadas, a Passagem São Luís, a área do Aeroporto Protásio Lopes de Oliveira, a Av. Júlio César, rasgando a mata do T1 para conectar-se à Av. Pedro Álvares Cabral. Tal diretriz foi em nosso projeto desconsiderada de vez que a construção do elevado Daniel Berg, melhorou consideravelmente a qualidade da fluidez do tráfego entre a Av. Pedro Miranda e a Av. Pedro Álvares Cabral, a qual é feita, atualmente, de forma satisfatória, pela Av. Doutor Freitas e pela Av. Senador Lemos, contornando-se a área do futuro parque. As anteriores más condições do trânsito daquele local, portanto, que então justificavam o prolongamento proposto pelo PDU foram pelo elevado eliminadas, tornando, a nosso ver, agora, desnecessária a diretriz. Ademais, a implementação dessa obra exigiria muitas desapropriações e impactaria negativamente o meio ambiente da mata do T1, trazendo prejuízos de grande monta para a cidade. 

Independentemente dessa atitude de desobediência a um específico preceito do PDU, de forma geral, a implantação do parque deve estar de acordo com aquilo que, nessa lei, está previsto, tanto para o local em si quanto para o que está além de suas fronteiras. A área faz parte da Zona do Ambiente Urbano 4 (ZAU4), devendo o projeto submeter-se aos parâmetros urbanísticos para ela estabelecidos. De todo modo, a construção de um equipamento desse porte e seu consequente impacto na cidade pode exigir algum ajuste no Plano, assim como é natural que ocorra em outras circunstâncias semelhantes. 

Os fatores locacionais do futuro parque não se restringem, apenas, a questões de trânsito ou de sujeições ao PDU. Tão ou mais importantes que estas, está o aspecto referencial ou simbólico que permeia aquela situação urbana. A Av. Júlio César, para a qual está voltada a maior face da área, é uma das principais rotas de entrada e saída da cidade, pois, ao seu final, está o Aeroporto Internacional de Belém, também denominado Aeroporto Julio Cezar. Assim sendo, o futuro parque será parte dos elementos urbanos integrantes de uma espécie de caminho vestibular da cidade, e que possuem, dentre outras tarefas, o papel de saudar aqueles que chegam ou partem, por via aérea, da cidade de Belém. 



MEMORIAL DO PROJETO 

O projeto do Parque da Cidade, equipamento público cuja complexidade e importância encontram-se, anteriormente, nesse texto abordadas, foi elaborado a partir da compreensão do problema como um todo a ser tratado, do papel que esse tipo de área urbana desempenhará no local e na cidade, e das expectativas de suas funções expressas pela população, além da contribuição propositiva dos projetistas. 

A apresentação em texto do projeto, descritiva e justificativa, exporá, primeiramente, as principais premissas projetuais, para em seguida ocuparem-se das propostas, tanto em seus aspectos gerais quanto específicos, em suas mais variadas escalas. 

PRINCIPAIS PREMISSAS PROJETUAIS 

O parque foi concebido a partir de 9 premissas projetuais, consideradas como principais. 

- A obediência rigorosa ao programa solicitado pelo edital; 
- A concepção do parque como espaço de memória, tendo a pista como um dos seus protagonistas; 
- A possibilidade de uso, independentemente das condições meteorológicas; 
- A preservação, ao máximo da estrutura natural e edificada existente; 
- A inserção do elemento água como fator de transformação da área; 
- A não fragmentação da área do parque; 
- A acessibilidade universal; 
- A sustentabilidade; 
- A possibilidade de execução em etapas. 

A obediência rigorosa ao programa 

A proposta aqui apresentada foi idealizada para contemplar rigorosamente o conceito expresso no Termo de Referência que, repitamos, solicita o projeto de "um parque urbano de lazer que proporcione à população acesso a atividades esportivas, de recreação e manifestações culturais, integradas com a natureza, primando pela interação entre diferentes perfis sociais e etários, deste modo cumprindo sua função ambiental e paisagística." Assim sendo, todos os espaços demandados pela consulta pública, elencados no edital, estão contemplados, tanto aqueles classificados como obrigatórios quanto os considerados preferenciais. 

A concepção do parque como espaço de memória, tendo a pista como um de seus protagonistas 

Embora a proposta preveja a radical mudança de uso daquele espaço, e que, para isso, muitas estruturas novas e com finalidades diversas obrigatoriamente passem a constituir o conjunto do parque, a octogenária história do aeródromo que dará lugar ao novo complexo arquitetônico e paisagístico será ali contada, tanto com a manutenção das principais estruturas, quanto pela instituição do Museu da Aviação do Pará e, proposto em consulta pela população. Esse museu terá seu acervo não apenas acomodado no prédio que o abrigará (e do qual falaremos adiante), como também exposto em outros lugares de destaque no parque. Especial atenção será dada à pista de pouso e decolagem, a qual será tratada e transformada em uma espécie de boulevard, de forma a enfatizar sua condição de protagonismo no conjunto. 

A possibilidade de uso, independentemente das condições meteorológicas 

O projeto proposto foi concebido para que o parque possa ser usufruído em qualquer momento, independentemente das condições meteorológicas locais. Como é do conhecimento de todos, o clima quente e úmido de Belém ocasiona, ao longo do ano, radiação solar intensa e muitas chuvas também. Desse modo, muitas estruturas cobertas fazem parte da proposta, sem, contudo, comprometer sua natureza aberta ao tempo. 

A preservação, ao máximo da estrutura natural e edificada existente 

Uma das premissas projetuais é a utilização, ao máximo possível, da estrutura natural e edificada existente. O projeto foi concebido considerando-se a permanência da pista de pouso e decolagem e do sistema viário que lhe dá acesso, dos pátios pavimentados de estacionamento das aeronaves, das vias de serviço, e do principal sistema de drenagem, também. Ainda serão preservados o hangar do Aeroclube do Pará, e a torre de controle do Aeroporto Brigadeiro Protásio de Oliveira. 

Existem diversas razões para a conservação dessas estruturas edificadas, dentre as quais podemos destacar, além do já mencionado conceito do parque como espaço de memória, o alto custo de suas demolições, de vez que são bem construídas, robustas e ainda íntegras obras de engenharia, e, sobretudo, os seus perfeitos encaixes no projeto proposto, a ele agregando qualidades funcionais, conceituais, estéticas e simbólicas, por exemplo. 

Serão demolidos, porém, o atual terminal de passageiros e cargas bem como o vizinho posto administrativo da Infraero, a exemplo de algumas construções menores, também. 

Quando à estrutura natural, toda a massa arbórea existente será preservada, abrigando usos que não exijam qualquer supressão, assim como as áreas cobertas com gramíneas que não precisarem ceder seus lugares a fins específicos. 

A inserção do elemento água como fator de transformação da área 

O parque terá como um dos seus grandes protagonistas a água, com a proposição da criação de um grande lago artificial, além de outros dispositivos hídricos, também. Tal decisão, sugerida pela população e presente nas intenções dos projetistas, será fundamental para o bom desempenho do parque, com impactos positivos na paisagem e no microclima do lugar. 

A não fragmentação da área do parque 

O parque foi pensado para ser usufruído de forma espacialmente contínua, sem que seja atravessado por qualquer via da cidade, exceto em solução subterrânea, o que elevaria muito os custos. Ademais, as razões já apresentadas no "Entendimento do problema" nos parecem ser suficientes para desconsiderar a diretriz de prolongamento da Avenida Pedro Miranda contida no PDU, mantendo-se a integridade do conjunto. 

A acessibilidade Universal 

O parque, destinado a todos os "perfis sociais e etários" conforme o Termo de Referência, será totalmente acessível, tanto em suas áreas externas quanto em suas edificações. Sanitários e demais ambientes serão configurados para serem universalmente utilizados, e haverá pisos táteis para que todos os locais possam ser frequentados sem restrições. Os painéis informativos e demais outras sinalizações, destinados a orientar trajetos, condutas, programações, e, sobretudo, prestar serviços educativos, terão linguagem de irrestrita leitura. 

A sustentabilidade 

O projeto traz, em variados níveis de abordagens, decisões que consideram impactos no meio ambiente e preocupações com suas possibilidades de sustento. Há soluções de captação, uso e reuso de água, tratamento de esgoto, geração de energia elétrica e disposição de resíduos sólidos. 

A possibilidade de execução em etapas 

Apesar de o parque estar contido em uma área perfeitamente definida, e que sua execução não demande qualquer tipo de interrupção ou mesmo alterações no cotidiano da cidade à sua volta, sua concepção considerou a possibilidade de ser construído e utilizado em etapas, de modo a permitir desembolsos paulatinos para sua materialização. 


PROPOSTAS PROJETUAIS GERAIS 

O projeto será descrito e justificado tomando-se como referência sua planta geral, da forma como aqui desenhada. Cabe ressaltar que, em relação à topografia disponibilizada no edital, invertemos sua posição posto que consideramos ser a Avenida Júlio César a via para a qual está voltada a fachada principal do parque. 


Nivelamento 

A hipsometria do lugar revela a ocorrência de desníveis na área. O projeto concebido buscou evitar grandes necessidade de movimentos de terra, de modo a proporcionar obras menos dispendiosas. A estratégia usada foi a de acompanhar a topografia da pista, considerando seu perfil para nivelar os diversos setores do parque a ela adjacentes. Os demais elementos do sistema viário e prédios existentes a serem conservados também serviram de referência para tais definições. 

Setorização 

A pista de pouso e decolagem, mantida, terá papel fundamental no conjunto. Além do desempenho de suas funções, a serem descritas mais adiante, ela é o grande eixo articulador de todo o complexo, em torno da qual todos os espaços se conectam, direta ou indiretamente. Seu protagonismo definiu o trato do espaço entre ela e a Avenida Júlio César, o qual apenas receberá destinações que não demandem edificações de grande porte, justamente para não obstruir sua contemplação. Essa área, longilínea, será dividida pelos acessos que a cortarão transversalmente, constituindo, de sudeste a noroeste, o campo de aeromodelismo, a academia de ginástica e musculação ao ar livre, parques infantis e parques com brinquedos científicos, além de parte do lago artificial. 

Na cabeceira sudeste da pista ficará a área destinada a eventos de grande público, de modo que seu uso e acesso sejam independentes, e que a população possa chegar e sair com mais facilidade de vez que é o ponto mais próximo da Avenida Almirante Barroso, por onde transita a grande maioria das linhas de ônibus de Belém. Além disso, esse local é contíguo ao Hangar Centro de Convenções da Amazônia, o que possibilita programações conjuntas com essa instituição.



As atividades que demandarem mais generosos espaços e edificações de maior tamanho, foram locadas a sudoeste, posteriormente à pista. É aí que está a maior parte do parque, e que será cortada, na longitudinal, pela via operacional, paralela à pista. 

A área esportiva está à esquerda, de modo a não conflitar com um conjunto de uso semelhante existente na praça Dorothy Stang, localizada imediatamente à direita do parque. A parte central será ocupada pela porção mais larga do lago artificial, e, também, pelas atividades voltadas ao convívio com o ambiente natural, sejam elas educativas, contemplativas, esportivas ou lúdicas. Tal posicionamento justifica-se, por óbvio, pelo fato de ali estar situada a mata natural a qual será conservada, preservando-se a nascente existente assim como todos os espécimes vegetais saudáveis. 

A capela também foi posicionada em um ponto central, na continuidade de uma via remanescente transformada em ponte. Seu lugar permite que sirva a todo o parque de forma equânime, e, ainda, possa ser contemplada a partir de ângulos mais favoráveis, potencializando o desempenho do papel simbólico de sua presença. 

Uma área para piquenique se desenvolverá no entorno da capela, integrando-se, à esquerda, à mata a ser conservada. Á direita ficará a pista de competições de bicicross. 

O restaurante e o teatro ocupam posições fortemente influenciadas pela concepção de acessos e fluxos do parque. Suas localizações foram pensadas para que a eles se cheguem com facilidade, utilizando-se os estacionamentos disponíveis, tanto pela Avenida Júlio César quanto pela Avenida Senador Lemos. A proximidade entre esses dois prédios justifica-se, também, pela possibilidade de complementaridade dos seus usos, pois, não são raras, em Belém, as programações culturais seguidas das gastronômicas. 

A posição do Museu da Aviação foi naturalmente definida onde estão as remanescentes infraestruturas historicamente utilizadas no aeródromo que dará lugar ao parque, especificamente o hangar do Aeroclube do Pará e a Torre de Controle. Cabe ressaltar que algumas peças de seu acervo ficarão em outros lugares do complexo, fora dos limites físicos do museu, para que sejam ampliados os seus pontos de contemplação, inclusive a partir de fora do perímetro do parque. Especificamente, na cabeceira noroeste da pista, pairando sobre a extremidade do lago artificial, propõe-se que haja uma réplica do balão de Julio Cezar Ribeiro de Souza, do qual falaremos mais adiante. 

Por fim, a Prefeitura do Parque ocupará lugar estratégico no conjunto. Localizando-se no ramal da via operacional que a liga à entrada exclusiva de serviço, seu posicionamento a permite ser, ao mesmo tempo, acessada desde o exterior do parque sem o cruzamento com o fluxo de público, e, também, conectar-se à referida via operacional para chegar com facilidade a todos os pontos do complexo. 

Acessos 

O parque possuirá cinco acessos públicos, e um exclusivo de serviço. Seus posicionamentos foram definidos tanto pela necessidade de se distribuir, de forma equânime, os locais de entrada e saída, quanto pela configuração do sistema viário que circunda o complexo. 

A face do parque que possui a maior dimensão em linha reta do polígono que o delimita, face essa voltada para a Avenida Júlio César, e por nós entendida como a fachada frontal do conjunto, terá quatro pontos de acesso. O primeiro deles, o de posição central, com status de entrada principal, ligado a uma eixo de circulação o qual passará sobre o lago, conectando-se perpendicularmente ao meio da pista transformada em boulevard. À direita e à esquerda, distantes do primeiro cerca de 420m e 330m, respectivamente, estarão entradas secundárias, mais modestas, porém igualmente ligadas a percursos que levam à pista. 
















A quarta entrada situa-se à esquina da Avenida Júlio César com a Avenida Brigadeiro Protásio de Oliveira. Por esse ponto se chega na área destinada a eventos de grande público, na cabeceira sudeste da pista. Tal posicionamento, além da já mencionada proximidade ao sistema de transporte coletivo local, ainda permitirá, em ocasiões que atraiam um número excepcional de pessoas, como um grande show, uma feira, ou um parque de diversões de temporada, que o ingresso no parque se processe de forma independente, sem interferência na dinâmica normal do funcionamento do complexo. 

A quinta entrada do parque também desfrutará do status de entrada principal, dada a sua localização, porte, e funcionamento diferenciado em relação às quatro anteriormente descritas. Será a única entrada de público por onde passarão, juntamente com pedestres, veículos também, embora limitados a circular apenas até o estacionamento interno. Essa entrada ficará no eixo de um trecho da Avenida Senador Lemos, logo antes de sua curva inflexão à esquerda do sentido de seu tráfego. 

Além das acima mencionadas cinco entradas do parque, há, ainda, um ponto de acesso exclusivamente destinado ao serviço. Ficará localizado à Passagem São Luís, onde haverá uma guarita que controlará a entrada e saída de funcionários e dos diversos carros de serviço essenciais ao funcionamento do complexo, sem que se perturbe o fluxo de público. Por esse local é que se tem acesso independente ao ramal da via operacional, onde estará instalada a prefeitura do parque. 

Em cada uma das entradas haverá uma guarita, dotada de sanitário, trabalhada de modo a expressar seu papel e significado no conjunto. À exceção daquela destinada ao acesso exclusivo de serviço, todas possuirão cobertura em tensoestrutura, de forma a harmonizar-se com o conjunto do parque, conforme verificaremos adiante. O complexo possuirá fechamento perimetral, sendo murado quando confinar com propriedades privadas, e gradeado, para permitir visibilidade, em suas interfaces com a via pública. 


PROPOSTAS PROJETUAIS ESPECÍFICAS 

A seguir, versaremos acerca de cada uma das propostas projetuais específicas para os espaços e as edificações do parque. 

A Pista a ser transformada em boulevard 

A pista de pouso e decolagem sempre foi uma das principais razões de existência daquele espaço. Ampliada e reformada algumas vezes, ali está desde 1936, e não pode ser eliminada, sob pena de se apagar parte da história da aviação no Pará. Assim sendo, será integralmente mantida, repavimentada e transformada em principal eixo de circulação do conjunto. Terá, em suma, função de via, exclusiva para pedestres. Seu propósito, porém não ficará restrito a ser apenas suporte para deslocamentos de pessoas. Assim como uma rua, ali será também o espaço de encontro, o local da realização de eventos diversos de natureza culturais, como exposições ou pequenas apresentações. Circunstancialmente, a administração do parque poderá montar estruturas móveis para compor um anfiteatro destinado a algum evento específico, bem como para atividades ligadas ao empreendedorismo criativo, por exemplo. Nenhuma construção permanente será erigida em seu leito, ao longo de sua extensão, de modo a oferecer visadas abertas para que se possa perceber a escala do parque, e a grandiosidade da própria pista como obra destinada à aviação. 





























Juntamente com as referidas funções, a pista ainda será o elemento de ligação e articulação de todos os espaços e setores do futuro parque. 

A decisão de conservá-la, e mudar seu uso, entretanto, requer cuidados. Sua enorme superfície pavimentada não permite que seja totalmente usufruída ao tempo, sobretudo em uma cidade tão ensolarada e chuvosa quanto Belém. Assim, propõe-se uma cobertura para parte dela, proporcionando a proteção necessária que caracteriza os locais aprazíveis, da forma como se deseja que esse lugar o seja. A cobertura proposta é têxtil, constituída de membrana em fibra de poliéster revestida com PVC, armada com estrutura metálica. Tal escolha deve-se ao fato de que a tensoestrutura permite que se vençam vãos generosos sem a necessidade de muitos apoios, além do bom desempenho do material da membrana quanto à transmissão de calor. Essa cobertura terá constituição modular, pé-direito generoso, e possuirá exaustão de ar pela parte superior. 


A proposta de se fazer uma grande via de pedestres coberta ou semi-coberta, em escala semelhante à proposta, não é inédita. Tal solução foi anteriormente utilizada para proteger, com sucesso, o principal eixo de circulação do complexo da Expo 2015, em Milão. 



O Museu da Aviação do Pará 

Igualmente sugerido na consulta popular, o memorial da aviação será contemplado na forma de um museu, ao qual denominaremos Museu da Aviação do Pará. Tal museu, em nossa concepção, para além de ser apenas um dos elementos integrantes do parque, é o grande responsável pela essência deste enquanto espaço de memória. De forma geral, pensamos, grande parte do espírito desse empreendimento reside também na preservação das principais estruturas do aeródromo, testemunhas físicas de sua história, e, a partir dessas, serem o suporte material da narrativa de sua trajetória. O museu, entretanto, não contará apenas a história do espaço que ocupa, e apresentará todo o percurso da navegação aérea no Pará, desde o século XIX aos dias de hoje.

 

A sede do museu ocupará o antigo hangar do Aeroclube do Pará, sendo demolidas todas as construções que, apostas ao longo dos anos, o descaracterizaram, de forma que adquira feição próxima à original. Haverá, necessariamente, a inserção de novos elementos construtivos para possibilitar seu funcionamento enquanto museu, posto que ali ficarão expostas aeronaves que necessitem de abrigo e as peças de menor tamanho do museu, bem como os ambientes necessários ao seu funcionamento enquanto instituição. 

Farão parte do acervo do museu diversos aviões de pequeno porte, atualmente fora de operação, e que hoje encontram-se dispersos pela área do futuro parque. Essas peças deverão ser restauradas para que fiquem expostas no pátio de manobras à frente do hangar. Também tenciona-se trazer para o parque um avião Catalina e um avião Douglas DC-3, hoje guardados na base aérea de Belém, e que muitos serviços prestaram, por décadas, à aviação paraense. Esses exemplares terão lugar de destaque no complexo, ficando o Catalina sobre o lago, entre a pista e a Avenida Júlio César, e o DC-3 à frente da entrada do museu.




Sugere-se um espaço especialmente destinado à memória do Brigadeiro Protásio de Oliveira, cujo significado para a aviação paraense justificou o empréstimo de seu nome ao aeroporto que dará lugar ao parque. 

A principal peça do acervo do museu, entretanto, não será uma peça original, e sim uma réplica. Trata-se de um modelo, em escala 1:1, do balão Santa Maria de Belém, idealizado pelo paraense Julio Cezar Ribeiro de Souza, personagem da mais alta importância para a navegação aérea mundial. Julio Cezar, na década de 1880, realizou estudos acerca da dirigibilidade dos balões, idealizando de modo pioneiro a forma assimétrica para estes, e testando, com sucesso sua invenção em um protótipo construído em Paris. Considerado, por muitos, o "pai da dirigibilidade" dos balões, sua concepção influenciou muitos outros projetistas e construtores desses artefatos, inclusive Santos Dumont. 


A importância de Julio Cezar para a navegação aérea, revela-se, dentre outras coisas, por fatos como o de ter seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, ao lado de outros proeminentes personagens brasileiros. No contexto local, ele empresta seu nome tanto ao Aeroporto Internacional de Belém quanto à avenida que lhe dá acesso, via essa para a qual estará voltada a fachada principal do parque. 

Assim sendo, propõe-se para o parque a reconstrução, em escala natural do balão Santa Maria de Belém, o qual ficará, suspenso, sobre o lago, na cabeceira noroeste da pista, a uma altura de 20m. Erguido sobre o lago, apoiado em alguma estrutura ou mesmo inflado com gás, oferecerá a compreensão da grandiosidade de seus 52,00m de comprimento por 10,40m de maior diâmetro, e terá sua história contada em painéis no solo, dispostos pelo deck de contemplação.

Outro elemento a fazer parte do museu é a torre de controle do aeroporto. Essa edificação será usada para expor equipamentos utilizados nas operações de orientação das aeronaves, e servirá como mirante, também, posto que oferece uma visão panorâmica de todo o complexo. 

Memorial aos mortos 

O aeródromo que dará lugar ao parque, ao longo de sua octogenária trajetória, foi palco de alguns acidentes fatais, que vitimaram aeronautas, paraquedistas e outras pessoas ligadas à atividade aérea. Assim sendo, haverá um memorial em suas homenagens, posicionado em local de destaque no conjunto, às proximidades da capela. 

A água como presença essencial 

Acertadamente a população clamou pela inserção do elemento água no parque, como forma de conferir aprazibilidade ao lugar. Assim, foi proposto um grande lago artificial, que acompanha, longitudinalmente, pelos dois lados, cerca de 85% da pista, desta aproximando-se e afastando-se, pelo desenho sinuoso das bordas daquele, conforme a necessidade da criação dos espaços que os ladeiam. 

Nesses trechos, os acessos transversais à pista, conservados ou propostos, serão pontes, as quais terão larguras e comprimento diversos. Dos cinco pontos de acesso ao parque, todos, com exceção de um, serão conectados à pista por meio dessas estruturas. 

O lago será destinado, sobretudo, a melhorar as condições de conforto ambiental físico no local, proporcionar a criação de um ecossistema, e ,ainda, embelezar a paisagem e deleitar a vista. Além disso, ele também poderá ser utilizado para passeios de barcos de pequeno porte ou outros flutuantes do gênero, contando, para tal, com um trapiche. 




A profundidade média do lago será de 1,00 metro, de forma a permitir o plantio espécies vegetais como a vitória-régia, por exemplo, e, também, proporcionar melhores condições de vida para a fauna que ali residirá. As bordas serão constituídas de taludes naturais, com suave declividade para dar segurança diante da ausência de guarda-corpos em seu perímetro, tratados paisagisticamente. A cava será revestida por manta geotêxtil, sobre a qual haverá uma camada de material inerte para proteção mecânica. O material escavado para essa construção será reutilizado em outros lugares do parque onde se fizer necessário complemento de material, como a pista de bicicross, o bowl do skatepark e as elevações de natureza paisagística a serem criadas. 

Conforme descreveremos com mais detalhes adiante, a massa hídrica será proveniente, em parte, da nascente existente na mata a ser conservada, represando-se uma porção de sua água para alimentar o lago. Esse volume também deverá ser complementado pela produção oriunda de poços artesianos a serem perfurados, e, ainda, pela recirculação de sua própria água, após a devida filtragem. 

Nas partes do lago que ladeiam, à direita e à esquerda, o principal acesso ao parque, haverá um sistema de chafarizes programados para oferecer espetáculos de águas dançantes, assim como foi definido pelo programa proposto pela SECULT. Internamente, nas partes mais amplas, o lago também receberá sobre sua superfície o restaurante do complexo, e, ainda, duas das principais peças do acervo do futuro Museu da Aviação do Pará: o avião Catalina e o balão Santa Maria de Belém. 


O fato de o lago estender-se longitudinalmente ao parque, cuja altimetria acompanhará as nuances da situação atual, dificultará que a linha d'água daquele apresente nível uniforme sem grandes variações nas alturas dos taludes de suas cavas. Assim sendo, as pontes formadas pelas partes não escavadas para a construção do lago atuarão como diques, fragmentando e confinando a massa hídrica em reservatórios distintos, os quais poderão ter seus próprios níveis de água, de acordo com o perfil de suas bordas. Além disso, tal separação é fundamental para que se execute o parque em etapas, conforme mencionado. 

Para finalizar o aspecto aqui tratado, em alguns locais do parque haverá pontos coletivos de hidratação, com a instalação de bebedouros e, ainda, aspersores e chuveiros para que todos possam se refrescar livremente. 
















Os Espaços gastronômicos 

O projeto prevê, fundamentalmente, três tipos de espaços para resolver a questão gastronômica: praças de alimentação, lanchonetes em prédios específicos, e restaurante: 

- Praças de alimentação 

Devido à grande extensão do parque optou-se por não concentrar a gastronomia em um só local. O projeto, então, prevê a distribuição de pequenas praças de alimentação ao longo do parque, abertas e posicionadas sempre próximas aos lugares de maior concentração de pessoas. Essas praças podem se constituir de 1 a 4 boxes, destinados a comercializar culinária variada, voltados para uma área comum. Os boxes serão estruturas metálicas, modulares, cujas formas possibilitam arranjos e ocupações diversos, havendo mesinhas às suas voltas. Serão dotados da infraestrutura necessária e cobertos com telhas termoacústicas. Cabe ressaltar que essas estruturas modulares também terão outras destinações, a serem tratadas mais adiante. 















- Lanchonetes em prédios específicos 

As edificações cujos usos demandam maior permanência, possuem soluções particulares de serviços de alimentação. Assim, o teatro, o museu e o ginásio são dotados de lanchonetes próprias, internas ressaltando-se que as do ginásio atendem também ao público do setor esportivo como um todo. 

- Restaurante 

O parque contará ainda com um restaurante com capacidade para 228 comensais em ambiente interno, havendo possibilidade de acomodar mais pessoas em área externa. O prédio constitui-se de 5 módulos distintos, sendo o um para o acolhimento, onde também estão o bar e o conjunto de sanitários públicos, três outros independentes para as mesas, e mais um destinado à cozinha e demais ambientes de serviço. Essa distribuição em edificações distintas permite boa flexibilidade no serviço, podendo-se abrir a quantidade de mesas necessárias para cada ocasião, em atendimento tipo "self-service" ou "à la carte". 


















O restaurante, cuja área total será de 473,75m² estará sobre o lago, possuirá deck externo e será coberto com telhas termoacústicas. Os módulos destinados ao público serão fechados por esquadrias de vidro, de modo a permitir suas refrigerações sem obstruir a vista. 

O Teatro 

O teatro proposto foi concebido para ser o teatro de parque, e seu porte corresponde a esse fim. Destinado a encenações e apresentações de escala limitada, estabeleceu-se para ele a capacidade de 310 lugares. A título de informação e referência, o principal teatro de Belém, o Theatro da Paz, apesar de já haver recebido públicos de cerca de 1.000 pessoas, hoje disponibiliza 787 lugares. O Teatro Margarida Schivasappa, igualmente importante, tem a capacidade para acomodar 485 espectadores. O Teatro Maria Sylvia Nunes, no complexo da Estação das Docas, possui 426 lugares. O Teatro do Sesi, por sua vez, distante menos de 1 km do nosso parque, tem assentos para 417 pessoas. 

Assim sendo projetou-se um teatro cuja capacidade não se assemelhe a nenhuma dos outros acima citados, posto que, a nosso ver, não caberia ser, pelo menos em porte, mais um dos tantos outros teatros existentes na cidade. Cabe ressaltar, entretanto, que, embora com menos assentos do que as referências locais, há suficiente infraestrutura disponível para a realização dos espetáculos que lhe couberem. Seu palco elevado, tipologicamente italiano, possui 215 m², com 18m x 6m de boca de cena, e espaço para o içamento de cenários. Além disso, há coxias, camarins, depósitos de trajes e cenários, e área administrativa também. Para o público, há os obrigatórios conjuntos de sanitários e uma lanchonete. 


















O teatro, com área total de 1.353,17 m², foi idealizado para receber eventos mais informais, ainda, nos quais seja desnecessária a utilização de seus assentos internos. O palco também abre-se diretamente para o exterior da edificação, e volta-se para uma área pavimentada com capacidade para receber assistência de mais de 1.500 pessoas. 

A Capela 

O projeto traz uma capela ecumênica para a realização de cultos religiosos de naturezas diversas. Será um espaço de pequeno porte, com capacidade para 100 pessoas, destinado a ser, também, um local para repouso e reflexão. Contará com infraestrutura de sanitários e salas de apoio para os eventos que ali tomarão parte. Será uma edificação com 270,23m², coberta em quase toda a sua extensão com telhas termoacústicas e, em alguns trechos, com laje impermeabilizada. 


















O Setor esportivo e de saúde 

O setor esportivo do parque será de livre acesso, e constituído por estruturas descobertas, como duas quadras polivalentes, duas quadras de vôlei de areia, duas quadras de tênis, quatro mesas de tênis de mesa, um campo para futebol society, um estádio completo para atletismo e futebol, e um skate park também. 















Juntamente com estas haverá um ginásio coberto com capacidade para 660 lugares dotado de toda a infraestrutura de sanitários e outros ambientes necessários ao seu devido funcionamento. Sua quadra terá o tamanho máximo regulamentar para a prática de todas as modalidades esportivas que ali couberem. 

O ginásio, cuja área total será de 2.919,84 m², será aberto, de livre acesso, configurado, porém, para que seja facilmente fechado por limitadores de circulação em caso de algum evento no qual seja necessário o controle de acesso. Seus sanitários públicos e bares/lanchonetes estão posicionados de forma a atender não apenas ao seu público, como, também, aos usuários das estruturas externas e frequentadores do parque em geral. Será uma edificação de planta quadrada, coberta com telhas termoacústicas, encimadas por uma tensoestrutura que, afastada do telhado, proporcionará a exaustão e renovação do ar interno, além de permitir a entrada de luz natural pela translucidez de sua membrana em fibra de poliéster revestida com PVC. 
















Fazem parte desse setor, ainda, embora não contíguos a ele, o circuito para a prática de pedestrianismo, a pista para competições de bicicross, as torres de escalada/rapel, os elementos destinados ao arvorismo, e a academia ao ar livre. 


Os Sanitários Públicos 

O projeto não prevê sanitários públicos isolados, em edificações individuais. Esse tipo de solução expõe excessivamente os equipamentos à depredação, elevando os custos de suas manutenções. Os sanitários do parque estarão dispostos por toda a área, serão de livre acesso ao público, porém sempre acoplados com algum equipamento gerido por controle próprio e permanentemente abertos, a exemplo das praças de alimentação e do ginásio. No caso das primeiras, os sanitários serão acomodados nas estruturas modulares abaixo descritas. 

Ambientes diversos 

O parque, também, terá diversos outros ambientes externos, para usos específicos, distribuídos ao longo de sua área. Haverá alguns parques infantis, pontos de prestação de serviços como aluguel de bicicletas e patinetes, pista de aeromodelismo, espaço PET, parque de brinquedos científicos e, ainda um relógio de sol. Em todos os lugares nos quais pontos de apoio e serviços se fizerem necessários, as estruturas modulares abaixo descritas serão utilizadas. 

















Boxes em estruturas modulares 

Os boxes em estruturas modulares possuem importante papel no parque, pois acomodam uma grande diversidade de usos. Eles abrigarão, dentre outros, como já referido, as lanchonetes que constituirão as praças de alimentação, os sanitários, as lojinhas, os pontos de aluguel de bikes, os pontos de recarga de aeromodelos, os pontos de informações e de pagamento de estacionamento. 

Suas plantas trapezoidais permitem que composições diversas sejam obtidas, tanto em arranjos lineares quanto curvilíneos, possibilitando a criação de lugares de variadas configurações. 


Cada módulo terá cerca de 8,40 m², será armado com estrutura metálica e fechado com paredes de placas cimentícias, e coberto com telhas termoacústicas. 

Os Estacionamentos 

O parque contará com 750 vagas de estacionamento, distribuídas em três grande bolsões de estacionamento, cujas localizações consideraram, da mesma forma, o sistema viário que circunda o complexo. Dois deles, com capacidade para 260 veículos cada um, ficam adjacentes à Avenida Júlio César, em área externa aos muros do parque, em posição de certa equidistância às quatro entradas situadas àquela via. O terceiro estacionamento, com 230 vagas, apenas poderá ser acessado pela Avenida Senador Lemos, e, diferentemente dos dois citados, ficará dentro dos limites do complexo, em área atualmente já pavimentada, de modo a facilitar e garantir a segurança dos usuários do restaurante e do teatro, sobretudo em programações noturnas. 


PROPOSTAS PROJETUAIS PARA INFRAESTRUTURA 

Via operacional 

Um dos mais importantes elementos para o funcionamento do parque será a via operacional. Ela será paralela à pista, percorrerá longitudinalmente a área em quase toda a sua extensão, e terá acesso a todas as principais áreas e edificações. Possuirá um ramal que a conectará com a entrada exclusiva de serviço de todo o complexo, ramal esse onde estará a prefeitura e o ambulatório médico, também. Por ali circularão todos os carros de serviço, em operações cotidianas ou emergenciais. Seu comprimento total, incluindo-se o ramal, terá aproximadamente 1.700 m, dos quais cerca de 60% encontram-se, hoje, em funcionamento, e portanto serão reaproveitados. 

A via operacional também faz parte da área pública do parque, podendo ser utilizada, exceto em tráfego motorizado, pelos seus frequentadores em geral. 

Prefeitura 

A prefeitura do parque será o complexo administrativo e de serviços do conjunto. Será um prédio com quatro módulos, sendo três iguais e um diferente. O módulo central dentre os iguais será o administrativo, com protocolo, salas de técnicos, sala de segurança, auditório e gabinete do prefeito. O módulo à direita será o de apoio, e abrigará os sanitários e o refeitório. A este será ligado o módulo de menor tamanho, onde estará a sala de descanso dos funcionários. à esquerda do módulo central, está aquele que acomodará os ambientes destinados à manutenção do parque, como as oficinas e o almoxarifado. Esse módulo será ligado a uma área externa, diretamente conectada à via operacional, área essa onde ficarão estacionados veículos e máquinas de serviço. 

O conjunto terá ao todo 597,73m², será edificado em alvenaria com estrutura de concreto e coberto com telhas termoacústicas. 

Ambulatório Médico 

O ambulatório será uma edificação isolada, destinada a prestar os primeiros socorros aos frequentadores ou funcionários do parque que de atenções médicas eventualmente necessitem. Terá um consultório, uma sala de observação e repouso, além da espera e dos sanitários, o que totalizará 69,28m². 

Sistema de abastecimento de energia elétrica e iluminação 

A entrada de energia será realizada a partir da rede pública de alta tensão existente na Passagem São Luís, ao lado do acesso exclusivo de serviço do parque. As estruturas da subestação, cabines de medição e demais outros elementos ficarão na área disponível entre o hangar a ser preservado e o muro limite, onde estarão, ainda os grupos-geradores que constituirão o sistema. Parte da energia a ser consumida será gerada, também, por um conjunto de placas fotovoltaicas dispostas sobre as coberturas das edificações de maior porte do complexo, como o hangar que abrigará o Museu da Aviação do Pará, o ginásio, o teatro e a prefeitura. 

O projeto prevê que a rede seja toda subterrânea, de modo a não interferir na paisagem do parque. As luminárias, por sua vez, tanto externas quanto internas de cada edifício, serão em LED, para que se minimize ao máximo possível o consumo de energia no conjunto. 

O sistema acima descrito será operado por de forma autônoma, e monitorado remotamente pela prefeitura do parque. 

Sistema de abastecimento de água 

O sistema de abastecimento de água do parque contará com três fontes de alimentação: a nascente existente na mata a ser preservada, os poços artesianos a serem perfurados e a COSANPA, concessionária local. Haverá quatro tipos de pontos de consumo: o lago, a rega da área verde, os locais de hidratação e refrescamento, e as edificações. Cada tipo de ponto demanda seus próprios níveis mínimos de qualidade da água, e, portanto, serão provenientes de subsistemas internos dotados de elementos específicos. De maneira geral, os subsistemas constituem-se de represa, estação elevatória, poços artesianos, estação de tratamento de água (ETA), filtro, 3 cisternas e 2 reservatórios elevados. 

A nascente será represada para que parte de sua produção seja bombeada por uma estação elevatória para abastecer o lago. 

A água proveniente da COSANPA passará por um subsistema convencional de cisterna e reservatório elevado para servir os prédios e os pontos de hidratação e refrescamento. Tais pontos também serão servidos pela produção dos poços artesianos após tratamento prévio por uma ETA. 

Os poços artesianos deverão abastecer, também, como forma de complemento, o sistema específico cujo reservatório elevado destina-se exclusivamente à rega das áreas verdes e à alimentação do lago, se preciso for. Esse subsistema é, preferencialmente, suprido por parte do volume de recirculação da massa hídrica do lago, a qual passará por filtragem antes de seu reuso. 

Além do mencionado processo de reuso da massa hídrica do lago, cada edificação poderá, também, possuir seus próprios aparatos para a reutilização da água, sejam as servidas ou aquelas provenientes das chuvas. 

O sistema acima descrito será interligado, operado de forma autônoma, e monitorado remotamente pela prefeitura do parque. 


Sistema de esgoto 

Os efluentes sanitários de todo o parque serão recolhidos por uma rede de coleta subterrânea que os conduzirá até uma estação de tratamento de esgoto (ETE) de pequeno porte, do tipo compacta. Ali serão tratados de forma adequada para que adquiram características fisico-químicas que os deixem em condições, de acordo com as leis e as normas que regem a questão sanitária no Brasil, de serem lançados no Canal da Pirajá, o já mencionado corpo hídrico cuja nascente localiza-se na mata a ser preservada. Cabe ressaltar que o ponto de deságue será a jusante do ponto de represamento para o abastecimento do lago artificial, posto que este também será alimentado pelo referido curso d'água, não havendo sentido que os efluentes sanitários, ainda que tratados, retornem ao parque. 

A ETE ficará localizada em local de baixa cota, próxima ao ponto de despejo no canal, já dentro da mata a ser preservada, porém em sua borda, em uma área pavimentada a qual faz parte do atual sistema viário do aeródromo. 

Sistema de drenagem pluvial 

O sistema de drenagem pluvial a ser implantado no parque será, ao máximo, superficial, com as águas correndo para os pontos mais baixos, como o lago, o qual deverá funcionar, também, como bacia de acumulação. A rede subterrânea utilizará, na medida do possível, a robusta infraestrutura existente, e destinará o volume coletado ao Canal da Pirajá, curso d'água que tem origem na mata a ser preservada, e que segue com suas bordas tratadas até afluir em outro canal de maior porte na cidade.. 

Resíduos sólidos 

O parque, pela sua própria natureza, é um equipamento com grande potencial de geração de resíduos sólidos. Assim sendo, a operação de coleta e retirada deve ser permanente bem articulada, cuidando-se desde os pontos de coleta seletiva a serem fartamente distribuídos ao longo da área, passando pela forma de sua condução pela via operacional até a central onde será manipulado e novamente separado para a entrega ao sistema público de coleta de resíduos urbanos. 

A edificação que receberá os resíduos, dentro do parque, ficará na área disponível entre o hangar a ser preservado e o muro limite lindeiro à Passagem São Luís, próxima do acesso de serviço. Nesse ponto haverá um portão exclusivo para operação de entrega ao caminhão que dará o destino final aos resíduos. 

Inclusão digital 

Além de dispor de toda a infraestrutura física e operacional acima descrita, o parque deverá possuir, também, sistema de wifi que atenda toda a sua extensão, para que possa ser lugar de acesso livre à internet, integrando-se aos programas públicos de inclusão digital. 


PROPOSTAS PROJETUAIS PARA O ENTORNO IMEDIATO 

Tratamento do entorno imediato 

A proposta do parque em nada exigirá qualquer ajuste significativo no sistema viário que o cerca. Nenhuma rua terá seu leito alterado, o que permite a execução das obras sem qualquer consequência para o trânsito do local. Haverá a necessidade, contudo, de se alargar, pelo lado do parque, o passeio da Avenida Júlio César, de se criarem vias para embarque e desembarque à frente das entradas, assim como de baias para táxis e ônibus, inclusive os de turismo. Coube prever, também, espaços para o lançamento de futura passarela elevada para travessia de pedestres. Os mesmos elementos, com geometrias diferentes, porém, também foram desenhados para o local de acesso à Avenida Senador Lemos. 


CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DAS OBRAS 

O parque, como se demonstra, é muito grande, e, consequentemente, o volume de recursos para sua concretização é significativo. Como se sabe, na atual circunstância, as cidades brasileiras, sem exceção, possuem muitas carências, pelo que as verbas públicas precisam ser empregadas com parcimônia, seguindo cronogramas que as permitam chegar no tempo certo onde se mais precisa. Dessa forma, o projeto foi pensado para ir se tornando realidade por etapas, porém de uso imediato a cada obra pronta. O aproveitamento de estruturas existentes, sejam para o público, como a pista, sejam para os serviços, como a via operacional, permite que, juntamente com a execução do início do paisagismo e de alguns módulos de alimentação e sanitários, em pouco tempo o parque comece a estar disponível para o público. O lago, um dos grandes protagonistas do complexo, pela independência das cavas que o constituem, pode ser construído passo a passo. A tensoestrutura que protege parcialmente a pista é modular, e não precisa ser montada de uma só vez. As pavimentações também podem seguir calendário distendido, assim como os prédios e demais espaços abertos igualmente podem ser erigidos de forma gradual. 


O acervo do Museu, por sua vez, a exemplo de outros, é de montagem cumulativa ao longo do tempo. Os aviões que se pretendem expor não são de propriedade do Governo do Estado, pelo que haverá, ainda, um processo de negociação para a transferência de suas guardas. Quanto à réplica do balão de Julio Cezar, sua construção terá que passar por um projeto muito específico, envolvendo a viabilização técnica de fabricação, o aparato para colocá-lo em flutuação, e sobretudo o orçamento para fazê-lo. Como alternativa, também se pode pensar em solução mais modesta, reduzindo a escala do modelo, mudando o seu material para fibra de vidro, por exemplo, e pendurando-o em uma estrutura metálica para elevá-lo do chão. 

Portanto, pelo que se propõe, não haverá a necessidade de concluir na íntegra tudo o que prevê o projeto do parque para que ele sirva à comunidade para a qual foi pensado. 


IMPORTÂNCIA E SIGNIFICADO 

Descritas e justificadas as mais significativas propostas projetuais, tanto em seus aspectos funcionais e construtivos e quanto locacionais, restam algumas considerações acerca da feição volumétrica dos principais elementos edificados em geral. Não há qualquer simbolismo, pelo menos manifesto pelos autores do projeto que merecesse ser revelado, subjacente à gênese das formas expressas pela geometria das novas construções do parque. Os prédios projetados são composições que respondem a necessidades pragmáticas de seus usos e adotam estética destinada a não conflitar com aquilo que a nossa cultura arquitetônica, seja popular ou erudita, aceita. Mesmo as tensoestruturas, elementos de forma mais movimentada, decorrem de seus requisitos estruturais e de seus propósitos enquanto abrigos que se pretendem confortáveis. 

Quanto às cores, as membranas e os prédios serão predominantemente brancos, com algumas peças em cinza. Essa decisão objetiva atenuar a presença das massas edificadas e reforçar a participação dos elementos naturais na paisagem. Além disso, acreditamos que, mesmo buscando ser panos de fundo, quando monocromáticas, as construções mais bem expressam suas constituições formais, independentemente de suas qualidades plásticas. 

Por fim, acerca do significado e do valor do futuro parque, tal como propomos, entendemos que a arquitetura possui, para cada um de nós, um sentido próprio, o qual temos, todos, legitimidade para perceber, independentemente se sermos ou não conhecedores da ciência arquitetônica. O projeto, portanto, pode ter suas propostas arquitetônica, urbanística e paisagística discutidas, sendo natural que, para uns, elas pareças boas, enquanto que para outros revelem-se ruins. O que é inequívoco, porém, é a importância que, construído, um equipamento urbano de tal natureza e porte terá para a cidade, e o bem-estar que pode proporcionar aos seus frequentadores.



MEMORIAL DE PAISAGISMO

A proposta do projeto paisagístico do parque foi desenvolvida em harmonia com o seu traçado geral, considerando, também as características naturais da cidade de Belém. Foi idealizado um lugar que oferecesse uma diversidade de ambientes, porém sem perder a unidade. A ideia é a de proporcionar inúmeras experiências para os sentidos da visão, tato e olfato, sobretudo, valendo-se para isso de variegadas espécies de árvores, arbustos, folhagens e forrações. Foram utilizadas, ao todo, 78 espécies vegetais, nativas e adaptadas, todas próprias para climas equatoriais e temperaturas entre 25ºC e 42ºC. Dentre elas priorizamos as naturais da floresta amazônica, como o Urucum (Bixa orellana), o Açaizeiro (Euterpe oleracea) e a Castanheira do Pará (Bertholletia excelsa). 

O projeto utilizou variações de tamanhos, colorações e concentrações de elementos vegetais para enfatizar limites, usos e importâncias dos diferentes locais. Cercas vivas foram compostas com arbustos tais como o Hibisco (Hibiscus rosa sinensis) a Icsória (Ixora coccinea). Sequencias de palmeiras foram aplicadas para anunciar caminhos assim como árvores-do-viajante (Ravenala madagascariensis), palmeiras azuis (Bismarckia nobilis) e Samaumeiras (Ceiba pentandra) para marcar pontos focais. 

Forrações de cores vivas em roxo e lilás do Lambari (Tradescantia zebrina) e da Periquito (Alternanthera dentata), e pontos de amarelo com os Ipês foram distribuídos pelo parque para se criar destaques em meio ao verde predominante. Ao decorrer do parque também há arranjos de cheiros de frutas e flores, como Cupuaçu (Theobroma grandiflorum), Taperebá (Spondias mombin), Jasmim-árabe (Jasminum sambac). O paisagismo, assim, ajudará a compor ambientes os quais podemos considerá-los jardins temáticos. Destaque aqui para o jardim das frutíferas na área de piquenique, qual além de árvores de cunho alimentar terá espalhado mesas para lanches, apoios de troncos no gramado, balanços em galhos, e redes de madeira; E o jardim das luzes, com volumes de plantas iluminados por cores diversas, como esculturas naturais em evidência.















Especial atenção será dada aos aspectos paisagísticos do lago, os quais receberão, como não poderia deixar de ser, as nossas famosas vitória-régia (Victoria amazonica) e ninféia (Nymphaea sp.). Muitos cuidados, porém, foram tomados na escolha dos seus elementos vegetais para assegurar o bom desempenho geral dessa massa d'água. Escavado e revestido com manta geotêxtil, terão arbustivas com raízes mais profundas e ramificadas plantadas nos mais íngremes taludes naturais, de modo a se evitarem trincas e erosões. Para as partes de suave declividade utilizou-se a grama esmeralda, a qual evidencia quinas e realça o que está á sua volta. Pedras também foram utilizadas de forma aleatória para delimitar e compor jardins. Os taludes ainda receberão costelas de adão (Monstera deliciosa), grama amendoim (Arachis repens), fórmios (Phormium tenax), xanadus (Philodendron xanadu), palmeiras cica (Cycas revoluta), ingás-cipó (Ingá edulis), antúrios (Anthurium andraeanum) e Buritis (Mauritia flexuosa). O Buriti, importante mencionar, é uma das mais abundantes palmeiras do Brasil e foi valorizada por Burle Marx pela sua capacidade de agregar o solo e conservar a água, sendo adequada para reflorestamentos, recuperação e manutenção de olhos-d'água, margens de rios, lagos e outras áreas encharcadas. 

Preservação da cobertura verde existente 

Assim como já mencionado anteriormente, a mata existente será preservada e tratada, eliminando-se as árvores que não estiverem saudáveis. As trilhas e as demais estruturas para o acesso e o uso como lugar destinado ao ecoturismo da área serão lançados de modo a provocar o mínimo impacto ao ambiente. A nascente ali existente receberá proteção adequada, utilizando-se, preferencialmente espécies vegetais. Quanto às árvores erguidas ao longo do muro perimetral junto à Av. Júlio César, apenas serão retiradas aquelas que coincidirem com os acessos projetados, ressaltando-se que as sacrificadas são, todas, de pequeno a médio porte.



Oferecimento de alimento 

Foram utilizadas árvores de valor alimentar para que os visitantes possam delas desfrutar, cuidando-se de não posicioná-las em locais onde a queda de frutos ofereçam perigo, e nem os pássaros e outros animais naturalmente por elas atraídos causem transtornos. Em maior parte estas estarão presentes no Jardim das Frutíferas, área no piquenique. 

Entre as espécies frutíferas propostas estão: graviola (Annona muricata), bacuri (Platonia insignis), acerola (Malpighia emarginata), cupuaçu (Theobroma grandiflorum), manga (Mangifera indica), jambo (Syzygium malaccense), pitanga (Eugenia uniflora L.), pupunha (Bactris gasipaes), taperebá (Spondias mombin), e açaí (Euterpe oleracea). 

Estabelecimento de ecossistema 

Com a vegetação plantada inevitavelmente haverá o estabelecimento de um ambiente natural no qual a vida selvagem vai proliferar. Na seleção de espécies vegetais buscou-se priorizar aquelas que tornarão frequentes as visitas de aves e borboletas ao parque, como o açaí (Euterpe oleracea), que atrai papagaios do mangue, bem-te-vis, anus-pretos, tucanos-de-papo-branco, e as borboletas frugívoras que virão em busca de frutos em fermentação. Igual e imprescindivelmente, haverá o caso em que demais animais serão atraídos, alguns considerados desgradáveis aos frequentadores humanos. Para tal, a utilização da citronela (Cymbopogon winterianus) em canteiros próximos aos locais de longa permanência irá auxiliar funcionalmente o paisagismo, uma vez que possui um cheiro agradável à nós mas insuportável às moscas, mosquitos e formigas. Além disso, os pássaros virão à procura de insetos, lagartixas e invertebrados que vivem nas plantas. Esses animais promovem o controle e o equilíbrio natural, a exemplo dos bem-te-vis (Pitangus sulphuratus), que, além das frutas e insetos, também se alimentam de pequenas cobras, lagartos, peixes e girinos de rios e lagos de pouca profundidade, e pequenos roedores. 

Criação de sombras 

As árvores de médio e grande porte foram usadas em áreas de longa permanência, como nos parques infantis, nas praças de alimentação, nas áreas de descanso das quadras, na área de piquenique, na academia ao ar livre e áreas de contemplação. Nos caminhamentos, onde há canteiros de espaço considerável para as raízes, espécies mais frondosas foram utilizadas, sendo a Samaumeira (Ceiba pentandra), por exemplo, plantada em lugares centrais e mais amplos para que possam desenvolver-se em toda a sua magnitude. 

Isolamento acústico 

A vegetação foi aplicada de modo a bloquear naturalmente as ondas sonoras provenientes tanto das avenidas adjacentes ao parque, quanto de algumas de suas áreas internas, como os parques infantis e o Espaço Pet. 

Materiais 

Quanto aos passeios e à ciclovia, esta ainda destinada ao uso de patinetes e patins, seu desenho sinuoso guardará harmonia com as margens igualmente curvas do lago, quebrando a retilínea rigidez da monumental pista a ser transformada em boulevard. Seus traçados, ora adjacentes ora afastados delimitam lugares, e possuem as pavimentações e as dimensões necessárias para acomodarem os usos a que se destinam. Os passeios de pedestres terão largura entre 5 e 7 m, juntamente com uma faixa de serviço de 1m para os bancos, as lixeiras, bebedouros e os postes de iluminação. O revestimento do piso será em placas retangulares de concreto permeável. As ciclovias, bidirecionais, terão sua caixa de 3m revestida com uma mistura de concreto e pneu triturado, composição já utilizada em vias para bicicletas no Brasil, como a do Parque Linear de Uberlândia, Minas Gerais. A Pista Boulevard e a Área de Grandes Eventos serão pavimentadas com concreto estampado.

Demais áreas que farão uso de pneus descartados são: espaço pet, com brinquedos para os animais, e os três parques infantis, com o piso emborrachado, qual ameniza impactos de queda, é drenante e também antiderrapante. O setor esportivo, as praças de alimentação e de contemplação receberão em suas pavimentações desenhos diferenciados entre si, todos formados por placas cimentícias de tamanhos e colorações variadas. Os calçamentos ainda deverão receber placas de pisos táteis e elementos da programação visual tanto informativos, como marcos de distância dos percursos, quanto decorativos, em alusão à cultura da região. 

Apresentada a proposta, manifestamos que a organicidade do traçado do parque, para além de ser uma decisão de cunho formal, constitui-se, sobretudo, em uma tentativa de, respeitosamente, aproximar sua configuração da feição com a qual a natureza, espontaneamente, desenhou os melhores lugares para se viver.

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Equipe Técnica

José Maria Coelho Bassalo

Ana Paula Martins Brotherhood
Anna-Beatriz Bassalo Aflalo
Aurélio Meira
Brena Tavares Bessa
Cláudio Cativo
Flávio Campos do Nascimento
Gisa Melo Bassalo
Joaquim Meira
Lucas de Melo Bassalo
Onélia Koga Villacorta

Estudante Aline Guimarães Elleres
Estudante Ana Clara Carneiro
Estudante Nayara Raiol Imbiriba
Estudante Vítor de Melo Bassalo

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PRANCHAS DO CONCURSO























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Link para o vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=v0ZFeXSaJZ4&feature=youtu.be